Numa noite inteiramente dedicada à Disney, o Theatro Circo teve casa quase cheia para receber as quatro tunas a concurso, o grupo Contraponto, os apresentadores, Gato Vadio e a Tuna de Medicina da Universidade do Minho (TMUM), a tuna organizadora. Na quarta edição do Festival de Tunas Mistas da Cidade de Braga, mais conhecido por MOMENTMUM, a RaussTuna, Tuna Mista de Bragança, arrecadou seis dos dez prémios no último sábado.

À chegada ao Theatro Circo, a temperatura amena contrastava com a agitação que se fazia sentir à noite. Com meia hora de atraso, e já na sala principal da casa de espetáculos, o primeiro a subir ao palco foi o Wall-e. O pequeno robô, personagem principal de um filme de animação, deu as boas vindas a uma plateia que se ia preenchendo.

Passados alguns minutos, a cortina subiu e subiu o primeiro grupo a apresentar-se no festival. Com o grupo, surgiu uma das surpresas que a TMUM tinha preparado: um castelo de sete metros inspirado na Disney. Os “Contraponto”, um grupo de Viana do Castelo que interpretou, completamente a capella, dois medleys da Disney e a música “Don’t stop me now”, dos Queen.

A primeira das tunas a concurso a subir ao palco foi a Olissippo. A Tuna Mista de Lisboa trouxe ao MOMENTMUM “Terra Nova”, um filme que foi, segundo os próprios, produzido em parceria com a Disney e que conta a história de um marinheiro português que descobriu o Brasil, antes de Álvares Cabral. Com uma sonoridade marcada pela flauta transversal e pelo contrabaixo, as músicas homenageavam a capital, de onde vieram, e a cidade de Braga que os acolheu durante o fim de semana.

A Rausstuna, Tuna Mista de Bragança, trouxe a história de amor entre dois ratos animados, o Mickey e a Minnie, personificados por dois elementos da tuna. Numa interpretação marcada pela teatralidade, houve ainda tempo para interpretar a história da Bela e do Monstro e encadeá-la com a história da própria tuna. A atuação terminou com uma balada de despedida e com o agradecimento pelo convite. Os transmontanos abandonaram o palco “em comboio” e sob um enorme aplauso.

Depois de um pequeno intervalo, a Desconcertuna introduziu a sua atuação com uma referência à personagem Candace, da série Phineas e Ferb. A Tuna Mista da Faculdade de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra propôs-se a cantar a “história contada num pergaminho vindo da Disney. Entre músicas dedicadas aos heróis e às princesas, fez-se sentir uma grande harmonia de vozes. Depois do “Hino de Estudante”, saíram do palco com o tradicional “F. R. A.” e com votos de “um final feliz”.

A Estudantina Universitária de Viseu, quarta e última tuna a concurso, começou a atuação com a harmonização de um dos temas do Rei Leão, seguido pelo original “Vultos”. Com um ritmo bastante acelerado e marcado pela sonoridade das cordas. Entre baladas e instrumentais, ouvimos temas inspirados na cidade de Viseu. Terminaram com um dos seus temas mais conhecidos, “Burraca”.

 

A última atuação da noite ficou a cargo da tuna anfitriã. Com uma adaptação do tema “Aqui no Mar”, do filme “A Pequena Sereia”, os caloiros da tuna ao cantarem “Aqui na tuna” conquistaram os aplausos do público e o orgulho dos tunos. Já com todos os elementos da tuna a encherem todo o palco, houve tempo para originais e interpretações, para cantar os parabéns e apresentação dos novos tunos, combates de karaté e lágrimas, muitas lágrimas que, ao contrário do que esperava o porta-voz da tuna, chegaram antes do que estava à espera.

Terminadas as apresentações, e depois de uma longa lista de agradecimentos, era altura da entrega de prémios. A RaussTuna foi a vencedora da noite, com o principal, de Melhor Tuna, mais os prémios Melhor Solista, Melhor Porta-estandartes, Melhor Passa Calhes, Melhor Rally Tascas e Tuna Mais Disney. A Estudantina Universitária de Viseu arrecadou os prémios Melhor Pandeireta, Melhor Instrumental e Tuna Mais Tuna. Por fim, a Desconcertuna levou para casa o Prémio Melhor Original.

No final do espetáculo, Rita Arantes, presidente da TMUM, mostrava-se muito satisfeita com o festival: “É um balanço final muito positivo.” A dirigente falou em “muita qualidade” e “muita criatividade na abordagem ao tema”. De acordo com Rita, o espetáculo contou com a presença de mais de 600 pessoas. Com algum receio de que o tema se tornasse muito infantil, a presidente confessou que as tunas “acolheram o tema com empenho” e que “o souberam explorar”.

Marlene Ribeiro e Ana Domingues, membros da Estudantina Universitária de Viseu, descreveram o MOMEMTMUM como “brutal”. Entre elogios à organização, ao acolhimento bracarense, consideraram, contudo, o público difícil de conquistar. Jéssica Britez, membro da RaussTuna, pela segunda vez presente neste festival, referiu a noite como “muito espetacular” e que foi “incrível” a sua tuna levar para casa seis prémios.

Já Davide Carvalho, presidente da Desconcertuna, acrescentou que a “diversidade geográfica dos grupos ajudou a que não ficasse tão monótono”.

Vera Fernandes, que assistia pela primeira vez a um festival de tunas, declarou: “Apesar do espetáculo ter sido muito longo, gostei bastante. O tema foi muito bem escolhido!”

O Festival contou ainda com a presença do grupo “Gato Vadio” que esteve responsável pela apresentação do espetáculo. Com muito humor e vários momentos musicais, os três elementos do grupo conseguiram pôr todo o Theatro a cantar, rir e aplaudir, com uma abordagem alternada entre a temática da Disney e a atualidade política nacional.

O espetáculo de sábado encerrou o segundo de três dias de festival. Na passada sexta-feira, deu-se um rally das tascas pelo centro histórico da cidade e uma festa. No sábado, passou o tradicional Passa Calhes pelas ruas da cidade. O domingo fechou o ciclo com um almoço-convívio.

Fotografia: Diana Silva