A Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) “não se revê” nos “memes” publicados numa página do site oficial dos Encontro Nacional de Direções Associativas (ENDA) de Viana do Castelo reservada às delegações credenciadas. Bruno Alcaide, presidente da associação académica minhota, acrescenta ainda que estas práticas “não representam aquilo que é o ENDA”, realçando o seu papel de discussão do ensino superior.

O presidente da AAUM defende ainda que se rejeitem estes atos, de forma a que “estas situações não se voltem a repetir”, apelando à sensibilização das pessoas.

Em causa está a publicação de “memes” com “conteúdos machistas e discriminatórios com vista à objetificação bem como descredibilização política das mulheres intervenientes”, lê-se no comunicado emitido pela Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (AEFCSH). De acordo com a direção da associação académica lisboeta, no ENDA Porto já existiram publicações de conteúdos machistas, tendo sido emitida uma nota de repúdio. Em Viana do Castelo, as publicações “ganharam outras proporções”, com frases como “Comissões de Violadas”, “A culpa disto é de quem deixou as mulheres votar” ou “Alguém que mande as gajas da AEFCSH ir fazer o jantar”. As mulheres intervenientes – e alvo dos “memes” – queixam-se ainda das fotografias tiradas em plenário “a poucos centímetros de distância” e usadas também para a publicação de “memes”.

A direção da AEFCSH deu conta, no comunicado, que já fez chegar o problema à Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, por considerarem que estas ações são “uma forma grave de discriminação de género”, pretendendo que haja uma revisão da estrutura e um alerta para estas situações no seio do ensino superior.

No comunicado da AEFCSH conta-se também o desenrolar da situação no próprio encontro realizado em Viana do Castelo. Na página fechada ao público “ENDA Pendentes”, destinada a fins recreativos, a publicação de “memes” aumentou, de acordo com a nota da direção estudantil, com a sugestão de garantir uma presença feminina numa futura comissão para estudar os crimes sexuais no ensino superior. A retoma de trabalhos trouxe um voto de repúdio – apresentada por uma delegada da AEFCSH – aos “memes” publicados, mas o presidente da mesa recusou dar a palavra à representante estudantil. A palavra só foi concedida à terceira tentativa, invocando-se a defesa de honra e ficando registado o voto de repúdio.

O chumbo, enquanto continuava a publicação de “memes”, de uma moção conjunta da AEFCSH e da congénere da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, propondo a discussão da violência de género no ensino superior e a criação de ações para combater o problema, adensou a ideia discriminatória do encontro, levando a AEFCSH a remeter o assunto para a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.

O presidente da AAUM, Bruno Alcaide, em relação às críticas da AEFCSH à condução do encontro por parte da mesa, referiu que “a mesa geriu os trabalhos de acordo com o regimento”.

Na nota publicada no seu Facebook, as críticas aos ENDA não se ficam por aqui. A AEFCSH aproveita para colocar em causa a “pouca informação disponibilizada” e “a falta de escrutínio das comissões de trabalho”, secundarizando os interesses dos estudantes, com a transformação dos ENDA num “palco de disputas e agendas pessoais e de discriminação”.

Recorde-se que o próximo encontro de direções associativas está marcado para setembro, num evento a realizar-se em Braga e organizado pela AAUM.