Têm o mesmo sangue, usam raquetas e são das melhores naquilo que fazem. Não, não são as irmãs Williams do ténis. Falamos, sim, das irmãs Gonçalves e de badminton.

Nascidas em Vila Nova de Famalicão, Sónia, 22 anos, e Adriana, 18 anos, lideram o ranking nacional da modalidade, em pares senhoras. A irmã mais velha é a nº 241 do mundo, a melhor portuguesa. Ao serviço do país, conta já com presenças nos Jogos Europeus de Baku, no Azerbaijão, e nos Campeonatos Europeus de Kolding, na Dinamarca. Garante, no entanto, que o objetivo principal, a curto/médio prazo, passa por marcar presença nos Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão, em 2020.

Já a irmã Adriana, líder do ranking nacional do escalão de juniores (sub-19), compete, por vezes, no escalão de seniores absolutos, tanto individual como coletivamente. Começou no Desporto Escolar, que foi o “arranque” para o percurso na modalidade, sendo que Sónia também teve um papel fundamental na entrada de Adriana no badminton. Para além de representarem a seleção nacional, ambas defendem as cores do Famalicense Atlético Clube (FAC).

Pedro Gonçalo Costa

Pedro Gonçalo Costa

Através do clube, começaram a jogar juntas. Um percurso que até ao momento tem tido mais altos do que baixos, mas que ainda está no início. Adriana admite que nos primeiros jogos ao lado da irmã “tinha medo de errar”, mas assegura que o receio foi “desaparecendo” com o “hábito”.

O volante segue de um lado para o outro em mais um início de treino. Não são novatas na modalidade e, em 2016, as irmãs Gonçalves já conquistaram o título nacional, em pares senhoras (Adriana ainda era juvenil – sub-17). No entanto, este ano, apesar de liderarem o ranking nacional nesta vertente, perderam a final do campeonato nacional.

Sónia não esconde que é “ingrato” para a irmã jogar num escalão acima, já que a torna “o alvo mais frágil”, tendo em conta a idade. Ainda assim, assume a responsabilidade por ser a mais velha, salientando que é “um sentimento muito bom” jogar ao lado de Adriana, visto que “partilham os mesmos genes”. Isso faz também com que “resmungue de uma forma mais tranquila” quando algo não está a correr da melhor forma dentro de campo.

Quanto ao panorama do badminton em Portugal, Sónia fala da falta de “ritmo” e de “apoios”, isto comparado com outros países da Europa. Refere que, por vezes, os atletas “têm de tocar de porta em porta” para conseguirem os patrocínios necessários para competir lá fora ou até mesmo noutras zonas do país. A existência de poucas ajudas e terem que conciliar a parte académica com a desportiva são as principais dificuldades que Sónia e Adriana encontram na modalidade.

A ideia de haver pouco investimento na modalidade é partilhada pelo treinador do FAC e das irmãs Gonçalves, Bruno Gomes, que considera que a Federação Portuguesa de Badminton está “aquém das expetativas”. Sente ainda que “os jogadores estão em segundo plano” e só atletas “dedicadas e empenhadas, como são os casos de Sónia e a Adriana”, conseguem dar a volta à situação e obter bons resultados.

Mesmo sabendo que é impossível viver a 100 por cento da modalidade e estarem constantemente a ouvir que “o badminton não lhes vais dar de comer”, Adriana e Sónia, as irmãs Gonçalves, têm o objetivo de triunfar na modalidade. E estando elas ao volante do badminton nacional, acalentam o sonho de um dia chegar a um destino comum, independentemente dos desvios de rota que poderão ser forçadas a fazer: jogarem juntas nos Jogos Olímpicos.

Pedro Gonçalo Costa

Pedro Gonçalo Costa

                                        Imagem: Pedro Gonçalo Costa e Tiago Ramalho