Um dos meus exercícios favoritos é puxar pela memória e recordar histórias de qualquer coisa e de qualquer tempo. Nas últimas semanas monopolizei esse exercício a lembrar-me dos quatro anos que passei no ComUM. Não foi difícil ver desaparecerem horas de sono a reviver (e rever) as primeiras reportagens, aquele artigo de que já nem gostamos ou os momentos que nos enchem de orgulho.
Há dias descobri papéis, notas e impressões guardados durante este ano. Há cerca de quatro anos, quando decidi ‘fugir’ para o Minho, não pensei que me ia tornar colecionador destes pedaços de histórias. Mas sempre vivi com a ideia de que o jornalismo se faz de histórias, mesmo aquelas que ficam entre nós.
E, no meio de um turbilhão de teclas batidas, conversas repetidas e projetos pensados, o ComUM faz-se valer de “miúdos”. Constrói-se em torno da vontade e de uma espécie de amor ao projeto, mas também de muito talento que nasce e cresce aqui. E são “miúdos”, mas daqueles que querem ombrear com os graúdos.
Escrevi, dez meses atrás, que esta era uma casa em que todos os anos mudam as caras. A partir de hoje, o camarada João Pedro Quesado assume a batuta da família. Para trás carrega as gerações todas de um projeto que tem este dom estranho de nos dar mais do que pensávamos ser possível. E, a esta hora, tenho a certeza que dificilmente algo nos trará maior orgulho que o ComUM.
Lembrei-me, a certo ponto, de como aprendi a escrever. Não é sequer relevante, mas gosto destas pequenas histórias de crianças que chateiam a avó para aprenderem a escrever. Letra a letra, até completar o nome.
A próxima vez que me deitar a rebobinar e a esmiuçar a memória, tenho mais uma história para recordar. Começa num comboio em direção a Pombal, com um computador ao colo e acaba só numa outra viagem, de regresso a Braga. Pelo meio, o caminho fez-se de quatro anos de memórias.