É, inevitavelmente, a história da história. O registo do que, em memória, tantas vezes fica para contar. Por contar. “Eh pá, ontem fui em reportagem e o senhor já lá não estava. Tenho de voltar amanhã!”. Ou um “Falta-me uma fotografia deste ou daquele pormenor. O sujeito falou disto e não temos imagem”. Esta não foi assim. Outras também não. Mas que as há…
Tomo este espaço para recordar um dos últimos episódios enquanto membro do ComUM. Estávamos em outubro de 2015 (bolas, já lá vão quase dois anos!) quando eu, Rui Barros e João Ribeiro nos encontrámos com um jornalista holandês em Braga. Matthijs Sorgdrager trabalha para um jornal regional e estava no Minho para fazer reportagem à margem do jogo entre o Sporting de Braga e o Groningen, da fase de grupos da Liga Europa. Queria perceber como os adeptos bracarenses viviam este embate europeu.
Tudo começou dias antes com uma indicação do corpo docente da Universidade, via email, a dar conta das intenções do repórter na viagem a Portugal. Gostaria de assistir ao jogo num café em Braga e falar com alguns adeptos locais. A língua portuguesa era, pois, o entrave. Aceitámos o desafio de o acompanhar. Em bom inglês, lá nos arranjaríamos.
Ao encontro marcado na Avenida Central, seguiu-se um breve passeio pelo coração da cidade. Os tons de verde dos adeptos holandeses inundavam as redondezas. Um propósito para conhecer novos lugares. Significava festa para aquelas gentes. A bola ficava para segundo plano.
Da Rua do Raio ao Convento dos Congregados, a um café na Rua Beato Miguel de Carvalho, conversas sobre a cultura dos dois países. Do jornalismo regional feito no Dagblad Van Het Noorden, para o qual Matthijs estava em funções. Porque, enquanto ComUM, jornal feito por estudantes, interessava perceber o tipo de trabalho desenvolvido numa publicação daquela abrangência geográfica, noutro país. Troca de ideias e perceções, no fundo.
A certa altura, hora do jogo. Trabalho. Acabámos num café na Praça Conde de Agrolongo. Havia adeptos do Sp. Braga e ajudámos Matthijs a falar com três deles ao longo dos 90 minutos. Eu, o Rui e o João funcionámos como jornalistas e tradutores. Mediámos o objetivo do camarada holandês. De caneta na mão, aqui como lá, o bloco a funcionar para Matthijs tirar as notas principais.
Ao fim, uma história diferente, singular. Um além-fronteiras, cá dentro. No meio de tudo, oportunidade para responder a uma pergunta. O que faz um jornalista holandês em Braga?