O segundo dia do Vodafone Paredes de Coura mostrou que o talento não tem idade. Do jovem King Krule aos veteranos At The Drive In, passando por Nick Murphy e Ho99o9, o dia trouxe uma grande diversidade de estilos musicais. A praia fluvial do Taboão está cheia de rock. E muitos moshes.
Um dos nomes mais antecipados, King Krule subiu ao palco antes de At The Drive In e Nick Murphy, e destacou-se dos cabeças-de-cartaz. Com uma voz límpida e forte, e sotaque britânico carregadíssimo, o jovem de 22 anos trouxe o seu rock e o jazz com um toque de soul ao palco principal, excedendo todas as expectativas. Os acordes, a voz, a banda, tudo é muito característico do conjunto liderado por Archy Marshall, e sentimo-nos a ouvir música com qualidade de estúdio.
Nick Murphy fechou os concertos no palco principal. Rodeado de instrumentistas, o australiano abriu logo com “Gold”, uma das músicas mais conhecidas, e a partir daí o concerto foi se tornando cada vez mais interessante. Com transições bem smooth, passando facilmente de um ritmo para o outro, o antigo Chet Faker “surpreendeu pela positiva”, disse Emanuel Octávio, de 20 anos. “Tinha muita curiosidade em ver como seria ao vivo. Gostei muito dos arranjos, e notou-se um Nick Murphy mais feliz com aquilo que faz. Viu-se até pela forma como toca as músicas de Chet Faker”.
O outro cabeça-de-cartaz, At The Drive In, foram outro destaque da noite. Os lendários americanos trouxeram um punk rock de levantar o chão: os moshes pareciam não parar de música para música, o pó levantava-se de todo o início do recinto. Até Cedric Brixler, o vocalista da banda, parecia querer entrar na multidão, atirando-se pelo palco, contra os amplificadores, e atirando tripés de microfones.
Os portugueses You Can’t Win, Charlie Brown abriram a noite no palco principal, com um recinto já bem cheio. No entanto, o concerto pecou por um atraso, e com os dois palcos com concertos em simultâneo, tornou-se complicado ouvir bem o final. No início de Car Seat Headrest aconteceu o mesmo, mas fora as músicas mais conhecidas, os americanos nunca se conseguiram animar muito, acabando por oferecer um concerto mais calmo.
A noite de quinta-feira também ficou marcada por uma onda de destruição musical vinda do palco secundário. Ho99o9 foram a grande surpresa: a entrar de coletes de forças, ou com vestidos de Marilyn Manson, a banda de hard rock de Newark, Estados Unidos, levou o palco principal a um mosh agressivo e contínuo. “Aquilo lá à frente está muito forte!”, dizia quem voltava do epicentro do concerto. O resto do dia também contou com concertos de Sunflower Bean, Nothing e Timber Timbre, com os últimos a serem uma boa transição antes de King Krule, lançando alguma animação ao recinto de Paredes de Coura. Também houve after-hours, no palco secundário, dos sul-coreanos Jambinai e de Marvin & Guy.
O Vodafone Paredes de Coura vai hoje para o terceiro dia de festa, com um dos concertos mais antecipados desta 25.ª edição, Beach House. Também tocam Japandroids, que estiveram em Portugal no NOS Primavera Sound, BADBADNOTGOOD, Young Fathers, Cave Story, entre outros.
Hélio Carvalho
Sofia Moreira