Depois de na quinta-feira a Orquestra da Universidade do Minho ter aberto as hostilidades do Festival de Outono, ontem, Mazgani e Dead Combo continuaram a dar música a todos aqueles que se dirigiram ao Salão Medieval da Reitoria. Mazgani apresentou, em primeira mão, o seu novíssimo disco lançado ontem. Já os Dead Combo contaram histórias através das suas músicas recheadas de alma, onde nem letra é necessária para as compreender.

Apenas o próprio Mazgani e o seu guitarrista entraram em palco para o momento mais intimista do concerto e aquele que o abriu. Mas logo depois, já com os restantes elementos da banda, partiram para o segundo single do novo álbum, “The Poet’s Death”, música que dá título ao disco.

Diogo Rodrigues/ ComUM

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Com o público sempre interventivo e até dialogante com o próprio artista, a intimidade musical esteve aliada ao épico empenhado pela bateria. No alinhamento constaram temas como “Breath of a Gold” e o single “The Travel”, ambos retirados do seu novo disco. Viajando também até ao ano de 2010 para interpretar “Broken Tree”, música retirada do álbum “Song to Distance”.

“Procuramos que o mundo seja hospitaleiro com as nossas canções”, confessou Shahryar Mazgani, nome do artista que nasceu no Irão e radicou-se em Portugal após a revolução daquele país, em 1979. Agradecendo depois a amabilidade a uma sala cheia que viu o próprio cantautor terminar o concerto em cima de uma cadeira da primeira fila. Isto tudo sob o olhar atento de Miguel Ângelo, músico dos Resistência e também dos Delfins, que esteve presente na plateia.

Diogo Rodrigues/ ComUM

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No segundo concerto da noite, o altar situado ao fundo do palco, decorado com caveiras, flores, pratos de bateria, luzes e até um altifalante, antevia tudo aquilo que já era espectável nos Dead Combo. Eles que desta vez não contaram com a participação de Alexandre Frazão, baterista que os acompanha em algumas das atuações.

Toda a envolvente ornamentada em palco, toda a indumentária da dupla e todas as projeções transportavam, inevitavelmente, todos os presentes para a cidade de Lisboa, algures entre as décadas de 1960 e 1970. Isto acompanhado pela música da banda que vai beber a tantos estilos, como o fado, ou as sonoridades sul americanas, só pode dar bom resultado. O público que o diga: sala cheia, longos aplausos e assobios não deixam dúvidas que o espetáculo estava a ser deliciante.

Diogo Rodrigues/ ComUM

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Não basta serem dotados tecnicamente, a convicção com que tocam cada acorde, ajuda a contar a história de cada música. Antes de as executarem, Tó Trips, um dos elementos, fazia questão de explicar um pouco o significado dos temas.

Desde “Miúdas e Motas”, a “Cachupa Man”, passando por “Lusitânia Playboys”, a viagem dos Dead Combo fez escala em quase todos os álbuns da banda. O outro elemento que completa o duo, Pedro Gonçalves, ocupa-se tanto das guitarras, como do contrabaixo, da melódica e também de um pequeno piano. Demonstrando que a versatilidade também o algo distintivo nos Dead Combo.

Diogo Rodrigues/ ComUM

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Para o fim deixaram as mais icónicas. A comovente “Esse Olhar Que Era Só Teu”, música de tributo a Amália Rodrigues, seguido de “Bunch of Meninos” e “Lisboa Mulata”. A receita perfeita para arrancar o maior aplauso da noite, num salão repleto de cadeiras ocupadas. “Sempre fomos bem recebidos em Braga”, remata Tó Trips ao fechar o segundo dia de Festival de Outono.

Valter Lobo e The Legendary Tigerman encerram hoje o festival, atuando também do Salão Medieval da Reitoria da Universidade do Minho.