A persistência da violência e discriminação de género nos contextos académico, familiar e laboral foram problemas apontados no Congresso Internacional “Igualdade de género: velhos e novos desafios”, que decorreu ontem na Escola de Direito da Universidade do Minho. Concluiu-se haver avanços, mas a existência de práticas “muito enraizadas” torna difícil a aplicação da lei e o combate dos “velhos desafios”.

O congresso, organizado pelo Centro de Investigação Interdisciplinar em Direitos Humanos da Universidade do Minho, contou com a participação da Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Catarina Marcelino. A governante realçou a importância de educação para a cidadania, apontando-a como a “chave” para um “mundo para todos” e não “dos homens ou das mulheres”.

Catarina Marcelino vê o desenvolvimento do pensamento crítico como “fundamental” no combate à desigualdade de género, reforçando ser necessário desenvolver melhor esta capacidade em Portugal para que, “daqui a 10 anos”, os velhos desafios estejam menos enraizados.

Patrícia Jerónimo, professora auxiliar na Escola de Direito e uma das responsáveis pelo evento, diz haver uma “vontade política” – quer a nível nacional, quer a nível europeu – para a redução das fragilidades ainda existentes, tais como a violência, a discriminação de género e a vulnerabilidade da mulher. Porém, apesar dessa vontade, “a aplicação [das medidas] deixa muito a desejar”, afirma. A docente justifica isso com o facto de a sociedade ter estereótipos acentuados, o que torna “difícil que a lei passe dos livros para a ação”.

Seria de esperar que numa universidade houvesse uma produção de conhecimento e investigação científica que fizessem por reduzir as desigualdades de género, mas não é assim. Quem o prova é Maria do Mar Pereira, uma das oradoras do congresso. A investigadora e docente na Universidade de Warmick, no Reino Unido, desenvolveu um estudo que mostra que também a academia induz a desigualdade de género.

“É uma piada” ou “é só uma brincadeira” são desculpas recorrentes do tratamento discriminatório de colegas por diminutivos, como se fossem “meninas” e não “colegas, em pé de igualdade”, expõe Maria do Mar Pereira, que também é investigadora associada na Universidade Aberta e no Centro Interdisciplinar de Estudos de Género na Universidade de Lisboa.

Sara Daniela e Henrique Ferreira