Novas ofertas educativas, uma escola doutoral, redução dos gastos gerais de funcionamento, planos de infraestruturas, revisão do regulamento de avaliação de docentes e definir uma política editorial da UMinho. São provavelmente estas as medidas que mais se destacam no programa de ação de Rui Vieira de Castro, o próximo reitor da Universidade do Minho (UM).

Identificando-se “plenamente” com o Plano Estratégico aprovado em 2013, e contando com um percurso que lhe permitiu “um contacto continuado com a malha académica da UMinho e com as suas unidades de serviços”, o professor catedrático do Instituto de Educação apresenta hoje, perante o Conselho Geral, um programa que “define o caminho mais adequado” para a UMinho. São sete prioridades estratégicas, 62 objetivos programáticos e 89 medidas – sem elaboração – em 60 páginas.

Mas o que diz o programa cujo lema é “Mobilizar, Desenvolver, Transformar!”?

O programa está dividido em temas, através das prioridades estratégicas quanto à educação, investigação e inovação, interação com a sociedade, internacionalização, qualidade institucional, qualidade de vida nos campi e infraestruturas, sem esquecer a sustentabilidade financeira.

Educação “superior de elevada qualidade”

Nove objetivos, 17 medidas

Algo que salta desde logo à vista no capítulo da educação é a criação de uma escola doutoral. A intenção? “Aprofundar a qualidade da formação doutoral” da universidade.

Antes disso, no entanto, Rui Vieira de Castro propõe o lançamento de um programa de cursos breves, “de nível superior”, possibilitando o desenvolvimento de competências profissionais “avançadas”. Ainda no objetivo da exploração de “novas ofertas educativas” fala-se na “consolidação” do projeto de ensino à distância da UMinho, que conta atualmente com seis diferentes cursos das escolas de ciências e um do Instituto de Educação. Este projeto esteve sob a alçada de Vieira de Castro no seu tempo como vice-reitor para a educação, entre 2013 e o início de 2017.

Um dos objetivos do capítulo da educação foca-se em “novas estratégias de recrutamento de estudantes”, principalmente com a realização de dias abertos na universidade e de “iniciativas de divulgação sistemática” da UM nas redes sociais. Outro deles refere “a qualificação pedagógica dos docentes”, com a intenção de promover a “adoção de novas metodologias de ensino”. Novas metodologias que não se ficam por aqui: o nono objetivo preconiza uma melhoria nas “condições infraestruturais dos espaços de aprendizagem” para os adequar a essas metodologias e aos “novos modos de aceder e trabalhar” com as fontes de informação.

Infraestruturas: transversal ao programa, mas com capítulo próprio

Nove objetivos, nove medidas

O capítulo sobre as infraestruturas e qualidade de vida nos campi consiste em elencar vários planos, programas e projetos que devem ser criados e executados. De todos, destacam-se:

  • Plano de desenvolvimento integrado dos campi;
  • Plano de requalificação, modernização e melhoria dos espaços pedagógicos;
  • Plano de promoção do uso dos espaços públicos e verdes dos campi para lazer, desporto e cultura;
  • Plano e projetos de requalificação dos edifícios da UM a médio prazo;
  • Projetos de promoção do transporte coletivo, dos percursos pedonais e cicláveis;
  • Programa de eventos artísticos e criativos a realizar nos campi;
  • Plano de sustentabilidade ambiental e energética da universidade.

Aprofundar a sustentabilidade financeira e reduzir os gastos

Três objetivos, cinco medidas

Tocando ainda no tema da sustentabilidade ambiental, este capítulo menciona a “sensibilização da comunidade académica para o combate ao desperdício de recursos”. Mas antes põe os objetivos em termos com pouca margem para interpretação.

O objetivo de “aumentar as receitas próprias” da universidade impõe-se com um plano de “incentivos ao aumento da qualidade da atividade científica” e com o estímulo ao desenvolvimento de projetos de prestação de serviço – enquanto, noutra parte do programa, afirma que não há condições sociais para aumentar as propinas da universidade – mas, mais importante ainda, com a “revisão integrada” da política de overheads – os gastos gerais de funcionamento, ou seja, por exemplo, gastos em eletricidade, comunicações, segurança, rendas, entre outros – focando-se na redução dos mesmos.

“Consolidar” a investigação minhota

Dez objetivos, 15 medidas

A preocupação com a redução dos gastos parece estender-se à área da investigação. O programa da candidatura de Rui Vieira de Castro assinala a intenção de proceder a uma “racionalização” dos espaços laboratoriais assim como, numa medida aparentemente diametralmente oposta, executar um plano de contratação de investigadores.

O plano aponta também à promoção do “reequipamento científico” dos centros de investigação, o lançamento de iniciativas de acesso aberto a dados científicos e a constituição de uma assembleia dos centros de investigação.

“Aumentar” a qualidade institucional

Dez objetivos, 11 medidas

O capítulo da qualidade institucional apresenta também algumas novas iniciativas, como é o caso da revisão do regulamento da avaliação de docentes e o foco na formação dos trabalhadores “não docentes e não investigadores” – os funcionários.

Além disso, é também especificada a intenção de adotar medidas de modernização administrativa, visando a “continuação da desmaterialização dos processos administrativos”. Nomeia-se, depois, a melhoria dos sistemas de informação e das ferramentas de gestão utilizadas, a criação de um novo regulamento orgânico das unidades de serviços e, por fim, a realização de “iniciativas de auscultação das pessoas e dos corpos” na forma de encontros abertos.

Interação ativa com a sociedade

11 objetivos, 19 medidas

O novo regulamento orgânico das unidades de serviços não é o único documento que é mencionado no programa. Pretendendo “reforçar a interface” entre os centros de investigação e a apropriação social, económica e cultural do conhecimento, surge a elaboração de uma carta de princípios para a interação com a sociedade.

A criação de um Conselho Consultivo Estratégico para o Desenvolvimento – a funcionar como um órgão de auscultação da reitoria – procura uma estratégia de aproximação e maior presença da UMinho no território. Para isto podemos também contar com a “qualificação” dos recursos das unidades culturais, algo que não estará desligado da densificação da política cultural da universidade.

Mas aquilo que talvez levante mais questões neste capítulo é a “definição de uma política editorial da UMinho”, incluindo o que parece ser a criação de uma publicação chamada “Editorial UMinho”.

Reforço da internacionalização

Dez objetivos, 13 medidas

Também neste capítulo se pretende criar um novo documento – uma carta de orientações para a internacionalização da UMinho – para guiar o processo de revisão da política da universidade nesta área, criando também ferramentas de avaliação da qualidade. E entre celebrar “parcerias estratégicas” com universidades de referência e “aumentar os fluxos de mobilidade” de estudantes, a intenção é clara: aumentar o número de estudantes internacionais em cursos conferentes de grau.

Uma equipa reitoral nova, mas com caras conhecidas

Rui Vieira de Castro nomeia todos os elementos a que tem direito para formar a sua equipa reitoral. Para tal mantém no Largo do Paço quatro nomes da equipa atual, de António Cunha: Rui Reis, que acrescenta a inovação à sua atual pasta vice-reitoral da investigação; Filipe Vaz que, de pró-reitor dos novos projetos de ensino, passará a pró-reitor da investigação e projetos; Carla Martins, que se mantém pró-reitora para a internacionalização; e José Fernandes, que permanecerá como administrador da Universidade do Minho.

Um nome, o de Manuela Martins – nomeada como vice-reitora para a cultura e sociedade – vem da lista apresentada por Vieira de Castro para o Conselho Geral.

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Depois da audição desta segunda-feira – que, em duas horas, consiste em 45 minutos de apresentação e 1h15 de perguntas – o Conselho Geral votará na eleição do novo reitor amanhã, dia 24 de outubro, também de manhã.

O ComUM entrevistará o único candidato a reitor sobre o programa da candidatura depois da conclusão do processo eleitoral.