Rock N’ Roll. Invasões de palco. Reitoria da Universidade do Minho. Uma delas é diferente das outras. Mas este sábado, não houve quem parasse as grandes “rockalhadas” de atingir o centro da academia minhota. O Festival de Outono 2017 terminou, com um concerto intimista de Valter Lobo, e um concerto bem vivo de The Legendary Tigerman.
Foram muitas as atividades que se espalharam pelos centros culturais de Braga, Guimarães e Monção, mas todos os dias culminaram no Salão Medieval da Universidade do Minho, em Braga, e a noite de sábado não foi diferente. O que foi diferente foi o ambiente. Na reitoria, habituamo-nos a ver sessões solenes, grandes discursos, e o hino da academia. Desta vez, foi a vez do rock n’ roll.
Começamos a noite com Valter Lobo. Sozinho e de guitarra na mão, o músico veio a Braga para celebrar o seu aniversário, e o primeiro aniversário do seu primeiro disco, “Mediterrâneo”. O que se seguiu foi um concerto bem intimista, com uma plateia calada a ouvir cada palavra e cada assobio leve do músico de Fafe.
“Sonhamos por um romance impossível que nos retire desta rotina maldita”, disse Valter Lobo. Uma frase que parece resumir o concerto. Foram várias as vezes que Valter disse ao público para se mostrar apaixonado. Na música “Guarda-me esta noite”, brincou como carácter leve e calmo das músicas para ajudar os mais românticos: “avancem agora. Se não avançarem, é porque não é essa a pessoa”.
Um concerto cheio de momentos, desde a batida digital que fez rir um bebé nas filas da frente, à entrada pelo público adentro durante “Oeste”. Valter Lobo deixou o palco do salão medieval debaixo de uma chuva de palmas, e muitos pedidos de autógrafos, com o músico a insistir humildemente: “Muito muito obrigado!”.
No final do concerto, em declarações ao ComUM, Valter Lobo não parou de elogiar o público bracarense: “Estava uma plateia muito bonita e muito atenta. Acabou por ser uma festa de aniversário do disco muito bonita”. Sobre o disco, “Mediterrâneo”, que fez precisamente um ano este sábado, o músico fafense fala de uma recepção “muito boa, e uma vez que tenho outras expectativas, e uma vez que é uma produção independente e uma produção de autor, a recepção tem sido muito boa”.
Depois da pausa bem relaxada, um furacão de rock passou pelo Largo do Paço e tremeu com todos os candelabros. Muitos já conhecem a força da guitarra e da voz de Paulo Furtado e do projecto The Legendary Tigerman, mas ainda assim foi uma surpresa o que se passou na reitoria da UMinho. O bigode, a guitarra de cores vintage, a banda sonora de abertura a soar a anos 70. Tudo estava desenquadrado no espaço académico.
The Legendary Tigerman aproveitou para apresentar músicas do álbum “Misfit”, que sairá em janeiro de 2018, e faixa após faixa, o ritmo nunca baixou. Paulo Furtado, à terceira música, cansou-se de ver o público sentado: “Levantem-se, cheguem-se à frente, façam o que bem vos apetecer”. E uma boa metade do público acedeu ao pedido.
Tocou-se também “Naked Blues”, uma das primeiras músicas do projeto, e “Wild Beast”. Os riffs de guitarra, o saxofone bem forte, o headbanging, o logótipo lendário do “homem tigre”, a tela de LED’s sempre a passar curtas-metragens; tudo tomou o centro da academia minhota de assombro, e pelas paredes medievais ecoou o rock n’ roll. Paulo Furtado chegou a pedir subtilmente um moche, mas se calhar foi pedir demais.
Foi um concerto digno de festival de verão, e talvez por isso não deixou de haver caras menos animadas no público, que talvez esperassem um serão mais calmo. Mas Paulo Furtado não reparou: “isto já quase parece um concerto de rock n’ roll, isto faz-me bem, é saudável”.
No final, à semelhança de muitos concertos de The Legendary Tigerman, gritou-se ininterruptamente “ROCK N’ ROLL!” em “21st Century Rock N’ Roll” , com pessoas do público a invadirem o palco a pedido do vocalista.
Assim encerrou mais um Festival de Outono. Um concerto acústico e um bem mexido, a fechar um evento que começou com um concerto de música clássica. Variedade cultural não faltou, e o Minho mostrou que está pronto para mais.