Nuno Artur Silva afirma que o serviço público está a ser revalorizado. O atual administrador da RTP esteve presente na sessão inaugural de Doutoramento do Curso de Ciências da Comunicação e Estudos Culturais, da Universidade do Minho, que decorreu na passada sexta feira.

O coordenador do canal público afirma que a imagem de controlo do estado nos conteúdos televisivos e de informação está a desaparecer, uma mudança que para Nuno Artur Silva é percetível no próprio público. O administrador deu a conhecer a mudança de estratégia da RTP na última edição festival da Eurovisão, na qual Portugal foi o país vencedor.

Antes do cargo na administração da RTP, Nuno Artur Silva era um dos argumentistas que integrava a equipa Produções Fictícias.  Escreveu peças para o Herman, “a estrela nacional da televisão, na altura”, comenta o administrador da RTP. Um trabalho de autor que para Nuno Artur Silva e a restante equipa das Produções Fictícias era “invisível” no universo televisivo. O efeito da televisão só permitia “ser o tipo da TV, a quem era visto”, acrescenta.

A oferta de um serviço público, na visão de Nuno Artur Silva, é sinónimo de promoção da diversidade, o que levou à discussão entre a oferta de conteúdos provenientes de meios de comunicação públicos e privados. “A RTP tem a obrigação de complementar o serviço público com outras coisas e não com o que vende”, o Administrador expõe que é “essencial criar marcas fortes”, para assim tornar o conteúdo credível e da confiança do público. A ideia de um serviço público controlado pelo estado, perde a força. A prova, diz Artur Nuno silva, está na nomeação da administração por um Conselho Geral Independente.

“O Segredo do futuro passa pelos motores de busca e um serviço personalizado”, afirma o Administrador justificando que os jovens com menos de 20 anos não vêm as notícias pela televisão, mas sim recorrendo aos móveis e às redes sociais. Plataformas de divulgação da informação onde a falta de controlo de informação falsa, as ‘fake news’, são uma “ameaça à democracia”.

“Ainda não temos o Salvador Sobral das séries”

Em Portugal o modelo de programação televisivo sempre foi marcado pela presença de telenovelas, tanto no sinal aberto como privado. Artur Nuno silva, defende que cabe ao serviço público oferecer conteúdos de produção próprias, como é o caso de filmes e séries portuguesas. Mas, “ainda não conseguimos vender [para fora] porque ainda não há uma indústria de produção bem consolidada. “Em Portugal ainda há muito a fazer”, acrescenta o Administrador.

Já um caso onde a RTP saiu a ganhar foi a proposta de mudança do formato de seleção dos candidatos para representar Portugal na Eurovisão, apresentada numa reunião em Berlim. A palavra-chave era a originalidade. A RTP decidiu reunir 10 compositores pop, cujas carreiras não dependiam do festival de música.  A votação entre o público e os júris fez com que a qualidade técnica musical fosse “ainda mais elevada”, diz Nuno Artur Silva. “O que fazemos aqui com a música é o que queremos fazer no resto do serviço público”, referindo-se à importância da criação “marcas fortes” junto das audiências.

Portugal sagrou-se vencedor da última edição do festival da Eurovisão, com a interpretação de Salvador Sobral da música “Amar pelos dois”. A RTP enfrenta agora um novo desafio com a preparação da próxima edição da Eurovisão, em 2018, que se realizará em Lisboa e a final na cidade de Guimarães, com o intuito de “descentralizar”, comenta o Administrador da RTP.