A primeira noite da Receção ao Caloiro de 2017 ficou marcada por críticas generalizadas à atuação da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) no capítulo dos transportes. Houve ainda momentos de tensão em Braga enquanto estudantes invadiram a estrada durante a espera pelo transporte para o Multiusos de Guimarães, impedindo a passagem dos autocarros. A AAUM já emitiu um pedido de desculpas público e Bruno Alcaide garante que os lesados pela situação serão compensados.

A edição deste ano da Receção ao Caloiro começou mal para a AAUM. O primeiro dia foi marcado por críticas relativas aos transportes logo desde o início da tarde, tendo sido relatados atrasos de até três horas no transporte para a Latada, em Guimarães, que também por isso terá sofrido atrasos.

Os problemas continuaram com o início da noite e a necessidade de transportar os estudantes para o Pavilhão Multiusos de Guimarães. Segundo um dos motoristas que fez o transporte de estudantes durante a noite, os autocarros só começaram o transporte pelas 23h45, quando o deveriam ter iniciado antes das 22 horas. A esta hora, porém, e segundo o mesmo motorista, que não quis ser identificado, não estaria “ninguém” na fila, pelo que os autocarros não partiram.

O mesmo motorista relatou ainda que a empresa contratada para organizar os transportes devia colocar “pelo menos 25” autocarros de serviço, constatando que dos 18 que a empresa fretou, já só estariam 16 a efetuar o serviço, depois de avarias em dois dos veículos.

Assim se terão dado as condições para que o tempo de espera dos estudantes fosse aumentando exponencialmente ao longo da noite, chegando às três horas, segundo algumas críticas que os estudantes foram colocando na página da associação académica no Facebook.

Os estudantes queixam-se também da falta de grades e de elementos da AAUM para controlar melhor a fila, alegando que isso facilitou que algumas pessoas fossem ultrapassando a fila ao procurar chegar mais cedo ao autocarro, gerando-se posteriormente um efeito ‘bola de neve’ em que apenas “quem está no meio da estrada” pode entrar nos autocarros, “depois de passar à frente de toda a gente”.

Uma estudante de Relações Internacionais relatou ao ComUM que, ao chegar ao local “por volta da 1h” a fila já ultrapassava largamente o restaurante ‘Sabor da Fruta’ – estendendo-se assim por quase 150 metros. Depois de conseguirem avançar um pouco e de se passarem cerca de três horas, conta, cada chegada de um autocarro despoletava “empurrões, pancada entre todos”, algo que, diz, se foi tornando cada vez mais “forte”.

Polícia interveio perante empurrões e invasão da estrada

Os estudantes eram “empurrados contra os autocarros e tiveram, ali, as vidas postas em risco,” descreveu a mesma estudante, que diz que os episódios começaram a ser “violentos”, com pessoas a agredirem-se e a “andar pela estrada para os autocarros pararem”. A polícia terá depois intervindo para retirar os estudantes da estrada e organizar melhor a entrada nos autocarros. “Pessoas saíram de lá magoadas, uma rapariga foi diretamente para a Gata na Saúde” e, enquanto isso, “dezenas de pessoas desistiram de ir mas iam chegando outras tantas”, mantendo-se o ambiente de tensão.

Foto de estudante de Relações Internacionais

Foto de estudante de Relações Internacionais

Esta estudante contou também que chegou ao recinto da Receção ao Caloiro pelas 4 horas e que, no regresso, a espera pelos autocarros teve uma duração semelhante. Disse ainda que o pedido de desculpas que a associação académica publicou pelo início da manhã “não apaga” o que aconteceu e que “deviam devolver o dinheiro a quem o gastou para este dia.”

AAUM pede desculpa e diz que “estão criadas as condições” para a situação não se repetir

Nesse mesmo comunicado a AAUM admite “que não providenciou a presença de gradeamento necessário na localização destinada às filas de espera para os autocarros, o que comprometeu a organização ordeira das mesmas.”

A associação minhota informou ainda que, “por motivos alheios à organização, o serviço de transportes contratualizado não se concretizou, resultando na insuficiência de autocarros para suprir as necessidades dos estudantes em tempo útil.” O comunicado gerou mais revolta no Facebook, com estudantes a queixarem-se de que um pedido de desculpas não é suficiente.

Em declarações ao ComUM, Bruno Alcaide garante que “estão criadas as condições para que a situação não se volte a repetir.” “O que a associação académica está a fazer, sobretudo, é para garantir que essas situações não se voltem a repetir nos próximos dias”, acrescentando que existirá “um dispositivo de grades e de polícia reforçado, para que as coisas corram da melhor forma. Ontem foi um dia atípico, que não serve de exemplo,” disse, responsabilizando a empresa contratada pelo número insuficiente de autocarros.

O presidente da associação académica esclareceu ainda que a polícia atuou para assegurar a ordem nas filas para os autocarros, principalmente num momento em que vários autocarros chegaram à zona do campus de Gualtar e, num esforço para “escoar mais rápido as pessoas, tentaram-se abrir três autocarros ao mesmo tempo.”

Nesse momento alguns estudantes terão começado a contornar autocarros para tentar entrar naqueles que se encontravam na frente, ocupando para isso a estrada. “Graças a isto a polícia mandou parar as filas para se chegar os autocarros mais à frente, e depois a fila começaria a aproximar-se.” A associação relata ainda “situações de desrespeito por parte de estudantes a motoristas”, com alguns danos nos autocarros “ainda nas viagens sem um tempo de espera mais prolongado.”

Bruno Alcaide garantiu também que “a AAUM entrará em contacto direto com aqueles que não conseguiram entrar” no Pavilhão Multiusos, mas que os lesados podem também contactar a associação para obter a compensação.