Débora Umbelino, a mulher por detrás do projeto musical Surma, deu na passada noite de sexta-feira um concerto no Círculo Católico de Operários de Barcelos (CCOB) em contexto do lançamento do seu novo álbum “Antwerpen”. Um exercício onde prima a fusão dos géneros de post-rock e de música ambiente, com certos elementos de jazz imbuídos algures. Todavia, aproveitou a noite para também tocar uma ou duas músicas menos recentes.
Quem passasse pelo CCOB no período que antecedeu o concerto tomaria nota de um ambiente pacato. Como decorria um outro concerto no teatro ali ao pé, o começo da atuação foi adiado por uma hora, para que quem visitasse a baixa da cidade pela música ao vivo pudesse estender o seu serão.
O clima manteve-se descontraído quando a artista assumiu, por entre colunas, a sua posição perante materiais de mistura eletrónica montados na zona dos espectadores. Surma, uma jovem de look alternativo e comedido, introduziu-se com uma voz distintivamente delicada e deu início a um concerto intimista que dispensou o uso do palco tradicional.
A audiência convergiu para o palco improvisado, como que englobada por um registo musical suave. “As colunas não estão no som máximo”, confessou Surma, lamentando não poder aproveitar a melhor potencialidade acústica do recinto. Com o decorrer do evento mais pessoas se sentaram no chão, de modo a poderem absorver os sons em relativo conforto.
Por entre os materiais de mistura eletrónica que a jovem utilizou na sua atuação, encontravam-se pedais e loop stations. Estes permitiam-lhe reproduzir determinados sons em instâncias repetidas, bem como gravar-se a cantar para o mesmo efeito. A um dado momento pôde ouvir-se um xilofone que, contudo, não se encontrava presente em palco, bem como havia um apetrecho dedicado à reprodução de sons percussivos. Apesar de bem munida, Surma não dispensou em ocasião o uso de uma guitarra.
A artista frequentemente tecia pequenos comentários por entre a sua performance, onde oferecia uma ligeira descrição característica da próxima peça musical. As suas intervenções refletiam o seu bom humor, bem como demonstravam um certo à vontade com uma audiência branda. Em tom jocoso, prometeu uma música que levaria o público ao moshe e ao crowdsurfing. Mas tal não se concretizou, não era esse o género de concerto, nem o público estava para aí inclinado.
Por fim, a protagonista da noite aproveitou para agradecer ao público a sua presença, bem como deixar um comentário apreciativo do espaço usufruído e da cidade que de bom grado a recebeu.