Na noite de ontem, a blackbox do Gnration recebeu Matthew Barnes, nome por detrás de Forest Swords, projeto de música eletrónica experimental. O britânico passou por Braga e atua hoje em Lisboa para apresentar o seu segundo álbum de estúdio, “Compassion”.

Momentos antes de começar o espetáculo, Andreia Mafra contava que já conhecia o artista, de quem é fã e que, portanto, as expectativas eram elevadas. Acrescentando que o Gnration tem feito um excelente trabalho relativamente à sua programação.

Carolina Ribeiro / ComUM

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Acompanhado apenas por um baixista, Barnes permaneceu escondido nas sombras, atrás da sua motherboard de sintetizadores, teclado e computador. A dupla verbalmente silenciosa estava misteriosamente escurecida pelo fumo, com as suas silhuetas ocasionalmente iluminadas por lasers, fazendo com que a audiência se concentrasse principalmente nas projeções que enchiam o cenário. Entretanto, o ecrã reproduzia imagens bonitas e assustadoras de animais e bailarinas contorcionistas, juntamente com vídeos obscuros, todos sincronizados hipnoticamente com a música ao vivo.

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Barnes mostrou dar grande importância às artes visuais, o que intensificou bastante o espaço e a experiência do público. A relação entre o áudio e os aspetos visuais dentro da sua performance vai de mãos dadas. Uma conectividade que foi desenvolvida não só para aumentar a experiência e adicionar um elemento extra à sua música, mas também para implementar as ideias que o artista transmitiu tematicamente neste último álbum.

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Embora a natureza das músicas seja maioritariamente contemplativa, a multidão esteve a bordo, balançando a cabeça. Barnes não interagiu entre músicas, presumivelmente para não estragar o humor. Quando o fez, agradeceu ao público por ter saído de casa numa noite fria de quarta-feira, disse estar feliz por voltar a Portugal e apresentou o baixista, James Freeman.

O músico tinha poder sobre a sala. Às vezes, hipnótico, outras, violento e chocante, o conjunto de Forest Swords foi uma experiência que se sentiu cada vez mais intensa ao longo da noite.

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Um dos elementos do público, que preferiu não dar o nome, disse que o concerto foi “mesmo muito bom”, superando as expectativas. Conta que é frequentador assíduo da casa e acrescentou ainda que o Gnration tem feito um trabalho “impecável”, até porque “a programação é escolhida por quem sabe”.

Depois de mais de uma hora de um concerto praticamente lotado, Barnes e James deixaram o palco tão abruptamente quanto entraram. A multidão tropeçou, assim, lentamente nas ruas frias de Braga, sentindo um pouco os olhos embaciados e a música ainda a ecoar.