Os criadores do Núcleo de Intervenção Cultural de Esposende (NICE) decidiram levar a ideia de uma festa de anos em grande a um patamar bem literal. O aniversário do diretor do NICE, Joel Zão, foi o mote para um evento que contou com mais de quinhentas pessoas. Os Toulouse juntaram-se, assim, aos Gator, The Alligator e aos School Bus Drunk Driver, dois projetos bem mais recentes. João Terras, um dos criadores do NICE admitiu que o núcleo decidiu ”chamar um projeto já estabelecido e dois projetos que ainda estão a crescer, para também dar espaço a novas bandas para criar”.
Os School Bus Drunk Driver seduziram pela sua irreverência. Talvez por serem a “banda da casa”, já que são de Esposende, esgotaram o espaço na zona dos concertos. Depois de 3 anos parados, os Approaching Solaris surgem com este novo projeto musical, que definem como “um par de malhas solarinas reinterpretadas para djambé e ukulele com fuzz”. Entre o rock alternativo dos anos 90 e as nuances de post-rock e eletrónica, os School Bus Drunk Driver passaram músicas de desenhos animados que marcaram a infância de muitos dos que estavam a assistir.
De Barcelos vieram os Gator, The Alligator, uma banda que está a começar, mas que, em palco, mostrou tudo menos inexperiência. Apesar de ser o primeiro concerto, o grupo de amigos demonstrou bastante dinâmica e facilidade em atuar em conjunto. Este projeto surgiu com a “ideia de criar uma cena diferente e com uma nova temática”. A banda mostrou-se muito satisfeita com o sítio do evento, o Kastrus Quanto Baste, já que “tem uma boa acústica e um pátio bonito”. Os jovens barcelenses defendem, ainda, que este “devia ser mais explorado porque a vibe é muito boa”.
A grande afluência de gente deixou os Gator, The Alligator bem impressionados, admitindo que a nível de faixas etárias não estavam à espera que “fosse tão diverso, mas Esposende é assim”. Quanto a futuros projetos, a banda admite que “as coisas vão acontecendo”, não têm nada estipulado. Entre este projeto e outros paralelos dos elementos do grupo, como West Grave e Forest Was A Man, vão tentar “dar este a conhecer e talvez um dia gravar um álbum”. Para os Gator, The Alligator, “a partir de agora é lenha para a frente, beber muita cerveja e gastar as senhas todas”.
A banda mais experiente, Toulouse, fechou a ronda de concertos, com uma atuação que pôs o público a levitar com as músicas de “registo sonhador, enérgico, com um travo naïve”, do seu primeiro álbum, “Yuhng”. Depois da pausa de concertos para criar novos conteúdos, a banda de Guimarães brindou a cidade de Esposende com um smooth-punk, cada vez mais longe do rock n roll mais cru.
A noite acabou com a eletrónica compactada de Amor És La Solucion b2b Prazeres e Kiko Losa, num Dj set pronto para durar até amanhecer.
João Terras entende que “o NICE está a assumir um lugar forte na programação cultural de Esposende” e a grande adesão ao Be Land In Diapazão mostrou que uma programação diversificada e projetos novos podem atrair muita gente à cidade, já que, segundo o criador do Núcleo, “apenas 20 a 30 por cento do público” era esposendense. Mesmo antes deste evento acabar, o NICE já está com o próximo a ser planeado, contando com um novo festival em dezembro. O Núcleo de Intervenção pretende também “continuar a trabalhar em iniciativas fora da música, mais viradas para as artes plásticas ou artes visuais”, contando com a ajuda de todos nos novos projetos que aí vêm.