Depois de Lisboa, foi a vez de Braga receber os Shabazz Palaces. O duo norte-americano foi ontem ao Gnration apresentar os dois álbuns lançados neste ano: “Quazarz: Born on a Gangster Star” e “Quazarz vs. The Jealous Machines”. O experimentalismo, os sons transcendentes e a energia de Ishmael Butler e Tendai “Baba” Maraire contagiaram uma BlackBox preenchida que não parou de dançar, ritmada pelas novas canções do grupo de Seattle.

Com a sala ainda quente do concerto de abertura de Ângela Polícia, as luzes apagaram-se e os tão esperados Shabazz Palaces entram em palco, dando início à sua atuação espacial. A entrada do baixo da música abalou a plateia que de imediato libertou o corpo para acompanhar o hip hop experimental do duo. Em “Welcome to Quazarz”, a plateia gritava yeahs a acompanhar os versos: “Guns keep us safe”, “We killed love, we killed money, we killed money.”

Filipa Castro Gomes/ComUM

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Ishmael Butler e Tendai “Baba” Maraire tocaram quase sem parar. As músicas ligavam-se umas às outras por interlúdios instrumentais. Na paragem mais longa, a meio do concerto, Ishmael agradeceu com um “obrigado” tímido.

Em “When Cats Claw” e “Eel Dreams”, a química do duo transpareceu com coreografias sincronizadas à música. Mas não eram só as coreografias da dupla que se ligavam fortemente ao beat. As danças do público também se alinhavam ao ritmo experimental dos Shabazz Palaces e a própria energia do duo transparecia e ligava-se às dos presentes. Quando a música parava para o rapper dizer as suas frases, o público pausava a dança para as ouvir. E quando recomeçava, as danças descongelavam de imediato.

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Perto do fim do concerto “Effeminence” preparou a plateia para o momento mais aplaudido da noite. Foi entre assobios e gritos que o single “Shine a Light” começou. No refrão Ishmael apontava para as luzes que incidiam nas paredes laterais da sala enquanto alguns presentes entoavam “shine a light, this way my peeps can have it all”.

Com sorrisos nas caras, o duo finalizou, em grande, o concerto. Agradeceram a presença de todos sob um mar de palmas e assobios dos presentes. O grupo abandonou o palco, mas os fortes aplausos ainda se prolongaram por vários minutos. Pedia-se um encore que, para desgosto dos vários fãs que pela Blackbox ficaram, não chegou.

Filipa Castro Gomes/ComUM

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Antes do entusiasmo da apresentação dos Shabazz Palaces, o palco foi entregue ao bracarense Ângela Polícia. Fernando Fernandes, nome por detrás do projeto, entrou em palco acompanhado pelo conjunto do Projéctil e preparou a plateia para o que aí vinha. “Estamos aqui para estragar o início da noite para depois ser muito melhor”, brincou Fernando. Foi com capuzes negros sobre caras pintadas que se iniciou a noite na Blackbox.

Ângela Polícia apresentou o seu álbum, “Pruridades”, lançado este ano para uma plateia que o recebeu muito bem. As pessoas abanavam-se, dançavam, cantavam e o músico chegou mesmo a entregar o seu microfone a elementos do público.

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“Tu disseste”, cover dos Mão Morta encerrou a atuação do bracarense. Composto no âmbito do tributo “Braga a tocar Mão Morta”, o cover foi apresentado na atuação no Braga Music Week, que não correu muito bem a Ângela Polícia. “Correu tudo bem, menos a minha atuação. Parecia que havia diarreia a sair das colunas”, admitiu. Fernando pediu desculpa, dedicou a canção à banda bracarense e começou a interpretação. A segunda tentativa já não sofreu dos mesmos problemas. O som saiu fluído das colunas e a interpretação foi muito bem recebida pelo público que dançava e gritava o refrão, “O que é que isso interessa? Tu disseste: nada”, agradecendo ao músico com fortes aplausos.