Não é por acaso que a UNESCO atribuiu a Braga o título “cidade criativa” na área das “media arts”. Há um constante surgimento de movimentos artísticos ligados à arte digital na cidade minhota, e o Ocupa #2 não foi exceção.

O evento foi promovido pela cooperativa artística AUAUFEIOMAU, que surgiu no ano passado, e realizou no passado dia 25 de novembro, no gnration, a segunda edição o Ocupa. Com o objetivo de promover o que se faz no campo da música eletrónica e das artes digitais, o Ocupa #2 trouxe vários artistas provenientes de Braga.

Mariana Pires / ComUM

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Apesar de chegarmos antes dos espetáculos começarem, há um conjunto de exposições distribuídas em várias salas para ver. Mal entramos, o primeiro som que nos invade é a música “Comptine d’un autre été”, da banda sonora do filme “Amélie”. E ao segui-lo deparamo-nos com uma caixa de música, que produzia o som graças a alguém que rodava a manivela. À primeira vista, parecia uma caixa de música clássica, mas o seu interior revelava-se ajustado aos nossos tempos, era uma verdadeira “digital music box”. Podíamos escolher a música e ajustar diferentes definições de som, ou então, produzir a nossa própria música com o teclado de piano que tinha incorporado na caixa.

Mariana Pires / ComUM

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A cidade de Braga cabe numa sala de pequenas dimensões. Marta Pombeiro criou a exposição “Sensorial City”, que nos mostra fotografias penduradas de rostos e espaços da cidade, algumas fotografias para oferecer, um “puf” e duas colunas que emitiam sons do quotidiano urbano. E é assim que Braga cabe numa sala do gnration. Na última exposição, podíamos entrar no mundo dos videojogos com os trabalhos da Escola Superior de Tecnologia do IPCA. Na sala de formação ouvimos o que nos parecia uma variedade de sons do mar por Tiago Morais Morgado.

Mariana Pires / ComUM

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Na sala BlackBox a Terra (re)nasce ao som de NaN Collider + Miguel Pedro. NaN Collider é uma parceria de João Martinho Moura, responsável pela arte visual digital e António Rafael na parte da música eletrónica. Miguel Pedro, fundador dos Mão Morta, junta-se a eles para um espetáculo espacial onde a imagem projetada se liga a um conjunto de sons que remontam ao início da vida até ao seu presente como planeta Terra.

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Tanz Arbeiter parecem criar uma banda sonora pouco convencional a para o filme dos anos 60 “La Bataille d’Alger”. Partes do filme são projetadas no grande ecrã, e Tanz Arbeiter acompanham-nas com música eletrónica dos dias de hoje. Sons intensos para imagens intensas, onde o sofrimento e a guerra são as personagens principais. Uma mistura improvável mas que não deixou de fazer sentido.

Mariana Pires / ComUM

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O fim da noite trouxe-nos uma pista de dança, também na BlackBox, com a música de Tundra Fault. Luzes de várias cores são projetadas numa sala completamente escura, o início da música mostrou-se intenso e misterioso, evoluindo para sons cada vez mais ritmados e a pedir um pé de dança. O público não resiste à batida e houve quem não deixasse os pés no mesmo sítio, dançando pela sala. Também houve o momento de exibição do videoclip de uma das músicas, com imagens psicadélicas de uma rapariga a ser salva de uma tentativa de suicídio no mar revolto.

Mariana Pires / ComUM

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Terminado o concerto, o público não se conforma e pede por mais. “Abre o computador se faz favor” foi o pedido de um dos elementos do público.  Em tom de brincadeira, o artista responde “Não há mais, ide embora. Comprem a música, está à venda na entrada”.