Uma velocidade quase perigosa

A que está disposta uma mãe para recuperar o seu filho?

Tendo como personagem principal Karla, a atriz Halle Berry carrega às costas a maioria das cenas. Em 1h35 de filme, a atriz encarrega-se de cerca de 95 minutos das cenas. Dirigido pelo espanhol Luis Prieto, este drama está carregado de emoção.

Karla (Halle Berry) é uma mera empregada de mesa de um café. É uma mãe divorciada que trabalha o máximo que consegue para dar uma boa vida ao filho, que é o centro da vida dela. Logo de início, o filme começa com uma longa introdução de vídeos caseiros do crescimento de Frankie (Sage Correa), que atualmente tem seis anos. Logo aí se percebe que os dois têm uma ligação muito especial, pois só se têm um ao outro.

No fim de um longo dia de trabalho, Karla decide levar Frankie ao parque. É aqui que o enredo se começa a desenrolar. Após receber uma chamada importante que trata a custódia do filho, Karla afasta-se um pouco da criança para tratar o assunto. Neste período de tempo, um casal alicia o miúdo e consegue levá-lo até ao carro deles. Neste momento Karla apercebe-se que o filho não está no mesmo sítio e vê a mulher a empurrar Frankie à força para dentro do carro. A partir daqui são cerca de 90 minutos de perseguição.

Apesar de serem cenas algo semelhantes, visto que se trata duma perseguição, acho que a atriz conseguiu interpretar na perfeição o papel de uma mãe que está disposta a tudo para não ficar sem o filho. São cenas muito intensas e cheias de planos, o que de certo modo ajuda o espetador a acompanhar esta perseguição com mais emoção e dá muita dinâmica ao enredo. A expressão facial daquela mãe é um plano que aparece várias vezes e leva a que o espetador se identifique com o seu desespero e a sua luta.

No entanto, o filme também cai nos óbvios: a personagem principal deixar o telemóvel para trás e ficar incontactável para poder ligar à policia, ficar sem gasolina durante a perseguição ao carro que transporta o filho raptado, o perigo eminente, um lago escuro numa noite enevoada, uma casa vazia ouvindo-se apenas o som da água a cair de uma torneira, etc.

Após a perseguição e uma série de peripécias, Karla consegue matar o homem que raptou o seu filho e descobre que a casa deste fica a 3 quilómetros do sítio onde se encontram. Desta forma, vai estrada fora ter à casa deste, que se encontra vazia. Lá fora está Margo, a mulher do raptor, a entrar num barraco onde possivelmente estaria o seu filho. Após ter feito uma chamada à polícia, Karla esconde-se e consegue entrar no barraco. Naquele sítio sem condições, encontra o seu filho e outras duas crianças, escondidos num alçapão. É aqui que ela se apercebe que isto se trata de uma rede de tráfico. Quando Karla tenta libertar as crianças, Margo apercebe-se da sua presença e sucede-se uma luta entre as duas mulheres. Após várias tentativas, a personagem interpretada por Halle Berry consegue afogar a raptora no lago sombrio perto daquela casa.

É nesta corrida cardíaca contra o tempo que Karla consegue assim recuperar o filho e desmantelar uma rede internacional de tráfico de crianças.