Desde 2005 que o Souto Rock agita a cidade de Barcelos. Como forma de prolongar o rock'n'roll na terra do Galo, surgiu o Club Souto, que ontem recebeu Slift, Stone Dead e Solar Corona, não deixando ninguém fora da porta.
Apresentado como uma extensão do Souto Rock, o Club Souto pôs a plateia a arder com Slift, Stone Dead e Solar Corona. O Círculo Católico de Operários de Barcelos recebeu, assim, na noite de sábado, a primeira grande aposta do ciclo de concertos, que terminará com o festival de Verão, em Roriz.
A tocar em casa, os Solar Corona abriram a noite com o seu rock psicadélico e viram a plateia preencher o auditório, de cabeça embalada e copo de cerveja na mão. Com riffs cada vez mais ardentes, a intensidade foi atingindo o público, num crescendo de adrenalina. A primeira banda a mostrar que o rock fervilha nas veias surpreendeu o público com um espetáculo quente, em que não era só a plateia que estava em brasas. O culminar do concerto deu-se quando um dos membros da banda de Barcelos incendiou parte da sua bateria, deixando a plateia em êxtase quando saltou do palco.
Depois da tour com os Killimanjaro, os Stone Dead pisaram o palco bem familiar da banda com quem homenagearam os 40 anos do movimento musical e cultural, que surgiu em Inglaterra, com “As canções do Punk”. A banda de Alcobaça deixou Jorge Torres “a bater o pé”. Conhecido na casa como “Raspinja”, acompanha a evolução do CCOB “desde puto”. Onde, há 40 anos, via filmes, agora só vê rock. Com um dos melhores álbuns de 2017, segundo a Blitz, os Stone Dead brindaram o público com o seu sucesso “Good Boys”, resultando num concerto bem frenético.
A noite de rock do Club Souto marcou a última paragem em Portugal dos Slift, na “Iberian Tour”. Com o último concerto da noite, Barcelos sofreu um sismo de cerca de uma hora, com epicentro no CCOB. A versão underground do Souto Rock não deixou ninguém imóvel, acabando com um concerto vertiginoso da banda francesa, em que a frontline entrou em erupção e levou a uma onda de crowdsurfs, por entre o jogo de luzes e o fumo dos cigarros.
Depois de uma edição com lotação esgotada, o presidente da Associação Cultural e Recreativa de Roriz, detentora do Club Souto, descreve este projeto como um “espaço para dar mais oportunidades a bandas e pôr o Souto Rock a trabalhar todo o ano”. Segundo Leonel Miranda, há um núcleo duro de cerca de dez pessoas, que têm proporcionado um festival de verão gratuito, há já 15 anos, e que agora está a apostar num “Souto Rock de Inverno”, que contou com mais de 250 amantes do rock.
Para Ricardo Santos, colaborador do festival, “a cada edição que passa, dá sempre vontade de fazer mais” e o importante é “manter o espírito”. O contabilista admite que “o objetivo não é ter lucro”, pelo contrário, é “dar o justo valor às bandas que estão a começar”.
Ainda antes de recuperar da última edição do Club Souto, a organização já anunciou a próxima data e o rock underground volta a 17 de fevereiro, com a promessa de manter a orgânica do festival e ser “feita sempre como se fosse a primeira e como se fosse a última”