A maioria dos jovens em Portugal não consegue arrendar ou comprar uma casa, é o que diz o relatório da Cáritas Europa, divulgado esta manhã em Lisboa.

Segundo o estudo da Cáritas, “os preços de habitação em Portugal, quando comparados com a média dos valores dos rendimentos são desproporcionados”. Para a instituição católica, os principais desafios de Portugal devem ser combater a pobreza e a exclusão social entre os jovens.

O estudo apresentado hoje em Lisboa afirma que as condições laborais dos jovens caracterizadas pelo desemprego, trabalho precário, contratos irregulares e salários baixos tornam “muito difícil” suportar os custos de uma habitação.

O documento alerta ainda para a necessidade de obras de muitas das habitações sociais, num valor que pode ultrapassar os 50 milhões de euros. A Cáritas Europa acrescenta ainda o desaparecimento quase por completo das habitações para grupos mais vulneráveis.

“Assim sendo, os jovens não se comprometem com o arrendamento ou compra de habitação”, pode ler-se no documento divulgado pela Cáritas Europa. Segundo o Núcleo de Observação Nacional da Cáritas Portuguesa (NOS) o problema da habitação jovem tornou-se “incontornável”.

Em declarações à agência Lusa Eugénio Campos, presidente da Cáritas Portuguesa, afirma que “a autonomia dos jovens passa por uma vida independente”, e que, para tal, é importante ter uma casa própria. “A autonomia dos jovens é adquirida casa vez mais tarde”, lamenta.

Para ultrapassar este flagelo o relatório recomenda aos políticos que facilitem a “habitação a preços acessíveis para os jovens de acordo com o seu rendimento, proporcionando-lhes a oportunidade de criar uma vida independente.

O relatório alerta ainda para o problema do desemprego jovem e para a descida acentuada das oportunidades de emprego e dos níveis salariais. Eugénio Costa aponta para “a necessidade de uma maior articulação e de acompanhamento das políticas setoriais”. O presidente da organização realça que “todas as preocupações colocadas no relatório foram cruzadas com as preocupações europeias”.

“Situamo-nos naquilo que nos parece ser a pobreza mais preocupante no domínio dos jovens que é a educação, a habitação e o trabalho”, conclui Eugénio Campos.