A longa-metragem de Zack Snyder, Liga da Justiça, é a sequência
imediata de Batman vs. Superman, e por enquanto, antecede o filme Wonder
Woman (apesar deste mostrar as origens da heroína, o mesmo é contado em
modo flashback através da personagem).

Voltamos no tempo em que o Superman (Henry Cavill) estava vivo: temos
uma filmagem do herói através de um telemóvel, e várias crianças (que identificamos
apenas pelas vozes) a ‘’entrevistá-lo’’. Remete bem para o mundo real que
atualmente vivemos – qualquer um pode ser repórter, qualquer um pode ter um
canal e publicar o que quiser. Achamos piada, pois identificamo-nos com essa realidade.

As cenas seguintes já retomam a narrativa atual, a capa do jornal Gotham
Free Press, informa: Superman is dead (o Superman está morto).
Logo vemos o Batman (Ben Affleck) a combater o crime sozinho… Algo
‘’normal’’? Mais ou menos… Ele imobiliza o criminoso, deixa-o pendurado no
prédio, e apenas diz que quer que ele sinta medo… Em seguida aparece um
‘’monstro’’ com forma humana e com asas, que segue o ‘’cheiro do medo’’. Esse
era o alvo principal!

Ao som de Sigrid – Everybody Knows, vemos o luto na cidade, através de
um ritmo marcante, forte e melancólico, sentimos o desespero e a tristeza,
através do recurso slow motion. A cena mais forte é a de um mendigo, com
expressão facial pensativa, triste e desiludido, sentado no chão, com o olhar fixo
em algum lugar, o seu cãozinho com uma coleira, e um cartão com as palavras:
‘’I tried’’ (Eu tentei). O crime continua, o caos aumenta e a esperança diminui.

Bruce Wayne é astuto, perspicaz, eficiente e… rico! O típico Batman
elegante que conquista o público. Com a ajuda do Alfred (Jeremy Irons), Bruce
detecta uma grande ameaça para a Terra.
Alfred é um dos personagens mais relevantes. É ele que está no
backstage de todos os planos e batalhas do Batman, ele é a tecnologia que
Bruce Wayne precisa. É o seu maior apoio. É uma personagem muito bem
conseguida e adaptada ao séc. XXI, cumpre perfeitamente a sua função e
transmite isso ao espectador.
Acima de tudo, o morcego de Gotham tem consciência dos seus poderes
e limitações. Então, numa tentativa de criar um grupo (talvez quase) invencível,
ele recruta pessoas com características especiais.

E é aqui que começamos a assistir ao declínio da longa-metragem.
Wonder Woman (Gal Gadot), é a primeira super-heroina a aparecer
depois das cenas iniciais. Como já vimos no seu filme solo (ou deviam ter visto)
a personagem mantem a sua identidade, mas agora menos ingénua, mais forte,
e ainda mais humana. Gal Gadot faz uma excelente atuação, chegando a ser
uma inspiração para qualquer um.

Jason Momoa interpreta um dos personagens mais polémicos do
mundo cinematográfico da DC Comics: Aquaman. O ator faz de uma personagem
revoltada, bruta, um ‘’homem das cavernas’’. Aquaman ainda nega as
suas origens e por isso ainda não é reconhecido como o rei dos 7 mares. O
público ainda não está habituado a ver o herói antes de se comprometer com o
reino de Atlantis e por isso pode ser um pouco confuso, pois temos uma imagem
mais ‘’leve’’ e divertida do personagem nas animações.
Já a personagem mais rápida de todos está muito infantil. Ezra
Miller interpreta o Flash, ainda muito imaturo, com piadas desnecessárias, o que
faz lembrar o novo Spiderman da Marvel. Seria uma tentativa de imitar a
concorrência? ‘’Estragaram’’ uma personagem que tem tanto potencial para ser
um dos preferidos apenas para terem um alívio cómico? A DC
Comics deixou muito a desejar, assim como a interpretação do ator.
Victor Stone, muito bem interpretado, por Ray Fisher, é um dos
personagens chave desta longa-metragem. A personagem teria morrido num
acidente, e o seu pai, que é cientista, Silas Stone (Joe Morton) trouxe-o de volta
à vida através de uma caixa Kryptoniana, fazendo-o metade homem, metade
máquina. Ainda ficamos confusos com os detalhes da sua origem.

Já que falamos de uma caixa kryptoniana a ameaça principal,
Steppenwolf, está a tentar juntá-las. Percebemos que são 3 caixas, cada uma
escondida num reino (Amazons, Atlantis, e outra no reino dos Homens). Há uma
rápida explicação da origem das mesmas, mas ainda assim não deixa
completamente claro o porque do vilão só aparecer ‘’agora’’. Ok, foi depois da
morte do superman, num mundo sem esperança e cheio de medo, mas e antes
do Superman ir para a Terra? Porque não apareceram? Pois as caixas estão
escondidas no planeta há mais de milénios…

Batman percebe que não irá conseguir deter o seu maior inimigo, então
juntamente com a quase liga da justiça elaboram um plano eficaz para trazer
Clark Kent/Superman (Henry Cavill) á vida. Tudo acontece muito rápido e so o
telespectador mais atento que consegue captar todos os mínimos detalhes, ficou
um pouco forçado a sua volta, tanto como estar confuso sobre a sua verdadeira
identidade. Um dos pontos positivos foi que, apesar de ele ser
considerado um alienígena ele consegue ser mais humano do que muitos
cidadãos terrestres.

Nos primeiros 40min o filme empolga, enche os olhos, com uma narrativa
simples e direta. A trilha sonora combina sempre muito bem, e os planos e a
opção cromática (bem explorada) de Zack Snyder mantém um pouco do estilo,
mas com inovação em comparação a outros filmes.
No geral os efeitos especiais são credíveis, menos a parte debaixo da
água, no reino de Atlantis, pelo tamanho do estúdio e o nível da produção
poderiam estar muito melhores.