Na terceira edição do Não Há Campo, o Sé La Vie recebeu os Madrepaz. A banda apresentou “Panoramix”, o seu único álbum.

A noite de sábado no Sé La Vie foi uma autêntica viagem na libelinha que simboliza os Madrepaz. A convite do Rodellus, a banda lisboeta veio a Braga apresentar “Panoramix”, o seu álbum de estreia. Todos os meses, o festival bracarense programa um concerto naquele espaço da cidade.

O Rodellus, festival que não tem medo do campo, assenta que nem uma luva nos Madrepaz. Com uma sonoridade espiritual, nascida de um retiro no Ribatejo, a banda refugia-se do meio urbano como forma de se encontrar. Algo essencial, consideram.

Daí encarregam-se de criar novas pontes da cidade ao coração. A própria forma como se apresentam em palco transmite a tranquilidade dissolvida nas músicas de “Panoramix”.

“Sol Amarelo” iniciou a prestação introduzida por Pedro da Rosa, guitarrista encarregue pelos tons mais graves das músicas e autor de orelhudas linhas de baixo que, na verdade, são de guitarra.

Sem grandes dissertações entre temas e com vários devaneios progressivos de psicadelismo pop, “Novas Pontes”, o primeiro single do disco de estreia, levou toda a plateia a acompanhar as oscilações rítmicas. O quarteto autointitula a sua música como “pop xamânica”. É uma obra capaz de fazer baloiçar entre um estado zen e um momento tribal de dança. Um vai-e-vem não compreendido pela totalidade da plateia. Junto ao palco, o público encontrava-se muito animado, mas pouco interessado em desfrutar o que se apresentava à sua frente.

Ao vivo, tal como em “Panoramix”, os dois primeiros singles do álbum dos Madrepaz foram consecutivamente apresentados. “Sopra o Vento” enfatiza o positivismo proveniente do campo. Uma ideia partilhada tanto pela banda, como pelo Rodellus – organizador do concerto.

Com passagens por “Santa Clara e a Laranjeira da Zebra Madura” – tema inspirado num canto popular brasileiro – e por “A Mão Direita”, que culmina em “Al Yad Al Yamma”, existiu ainda espaço para a viagem do campo para a galáxia, com “Tudo Morto, Tudo Vive”.

O fim foi anunciado com uma música que nasceu duma brincadeira de ensaio, mas tornou-se algo sério. “Se Mifri-o Demoran-go” podia conduzir para um ambiente de restauração. No entanto, seria uma excelente música para compilar na banda sonora d’”O Livro da Selva”, dado os acordes de guitarra, aliados ao teclado e às percussões simplistas.

O sucessor de “Panoramix” está a ser gravado. Sendo que, no Sé La Vie, apenas se ouviu temas do disco editado em 2017. Tal como no primeiro, os quatro elementos da banda co-produzem com Diogo Rodrigues o segundo álbum – “Bonanza” – que verá a luz do dia em maio. Este conta com a mistura de Hugo Valverde e masterização de Miguel Marques.

A próxima atuação dos Madrepaz vai ser em Lisboa, no Iberian Festival Awards, a 15 de março.