Lançado a 18 de janeiro, Camila é o primeiro projeto a solo de Camila Cabello. A estreia da cubano-americana é marcada por sonoridades diversificadas, mas que acabam por seguir a mesma fórmula.
Com apenas 20 anos, Camila Cabello alcança, simultaneamente, o primeiro lugar dos tops “The Hot 100”, “Billboard 200” e “Artist 100”, justamente com o seu primeiro álbum a solo: Camila.
Após uma saída conturbada do seu antigo grupo, Fifth Harmony, em 2016, a jovem cubano-mexicana dedicou-se inteiramente à sua carreira a solo. Incluiu-se no processo compositivo e coescreveu cada uma das 10 músicas pertencentes ao seu álbum de estreia.
“Never Be the Same” inaugura o projeto e adquire o estatuto de single. Apesar de se tratar de uma melodia que facilmente fica no ouvido é de lamentar o excesso de auto-tune no pré-refrão. Tal como “Never Be the Same”, “Inside Out” possui uma melodia bastante sintética; Todos os seus sons baseiam-se em sintetizadores capazes de produzir todo o tipo de percussões. Independentemente do facto de não ser fã das componentes melódicas destas duas canções é de parabenizar a vontade da artista em inserir as suas origens latinas nas suas músicas.
Camila abandonou o grupo pop, mas o pop não a abandonou. Em “She Loves Control”, Camila surge com um ritmo contagiante, no qual explora, para além do pop, as tão características percussões do reggaeton. Já em “Into It” podemos ouvir uma sonoridade impactante no refrão, acompanhada de uma expressão clara das vontades amorosas da cantora.
Apesar de tudo, “Camila” não é um projeto inteiramente pop. Em “Real Friends” estamos perante uma simples música, composta, inteiramente, por uma guitarra elétrica despida de efeitos e pela voz da cantora, que opta por divagar em torno das “amizades” dentro do meio artístico e da indústria musical. Seguindo a mesma fórmula, uma guitarra elétrica e sua voz, Camila, insere “All These Years” no seu álbum, porém divagando agora sobre um reencontro amoroso. Toda esta fórmula acaba por resultar perfeitamente e, sem dúvida, que a sonoridade mais nua da cantora traz diversidade ao projeto.
O hit “Havana”, com o qual Camila percorreu inúmeras premiações, não poderia deixar de marcar presença, sendo uma música de destaque e um sucesso do verão de 2017. Apesar de não ser um conceito musical completamente inovador, acabou por surgir numa boa altura radiofónica, visto que até então, nas rádios, não se ouvia uma batida memorável, porém melancólica, que facilmente cativasse os ouvintes.
Sendo Camila, uma artista envolvida liricamente na sua música e fã de composições emotivas, não se poderiam ausentar as baladas. “Something’s Gotta Give” e “Consenquences” vêm aqui demonstrar o lado mais frágil e inocente de uma jovem que recorda as suas experiências emotivas. Ambas as músicas possuem um ritmo lento inteiramente composto por um piano que servirá de perfeito aliado à suave e distinta voz da nova “pop sensation”.
De uma forma global, o álbum é bastante diversificado a nível de géneros musicais, que eventualmente fazem mais sucesso na indústria discográfica atual. Porém, a opção de lançar músicas com a mesma fórmula, apenas mudando a lírica, não foi uma ideia muito afortunada. No caso, refiro-me à presença de “Consenquences” ou “All These Years”, que apesar de serem boas músicas nada vêm a acrescentar, visto que “Something’s Gotta Give” e “Real Friends”, respetivamente, já vêm representar os géneros musicais em questão.