Basquetebol e Medicina. São estes os dois mundos com que Josimar convive diariamente. A difícil luta pelo sonho de ser jogador profissional e o objetivo declarado de ser médico são a realidade do atleta do SC Braga.

Ser simultaneamente atleta e estudante universitário não é, de todo, uma tarefa fácil. Contudo, difícil não é o mesmo que impossível. Josimar Cassamá, estudante de medicina e atleta federado de basquetebol, demonstra que se pode ser bem sucedido em ambos os ramos.

Atualmente com 18 anos, Josimar frequenta o primeiro ano do curso de Medicina na Universidade do Minho. Além disso, treina basquetebol no Sporting Clube de Braga todos os dias da semana, que culmina com a jornada, por vezes dupla, ao fim de semana. Com vista a atingir os objetivos que sempre teve em mente, o atleta/estudante empenha-se em dar o máximo de si nas duas áreas, admitindo que para isso, por vezes, é necessário pôr de parte outras coisas.

Depois de experimentar outras modalidades, foi no Grupo Desportivo André Soares (GDAS) que deu os primeiros passos no basquetebol. O gosto pela prática do desporto foi aumentando e, consequentemente, a motivação e a dedicação também. Assim, desde cedo, o atleta começou a integrar os trabalhos de escalões acima do seu.

Foi também na altura em que representava o GDAS que Josimar integrou a Associação de Basquetebol de Braga (ABB). Aquando da sua participação, a equipa sub-16 da ABB conseguiu alcançar o terceiro lugar no pódio, na Festa do Basquetebol, em Albufeira. Foi em 2015 que o conjunto conquistou a melhor classificação de sempre para o distrito de Braga.

No entanto, no primeiro ano de sub-18, Josimar resolveu ir para o Sporting Clube de Braga por considerar que “tinha melhores condições” para conseguir atingir os objetivos a que se propunha. Na época passada, não só começou a integrar os trabalhos da equipa senior do clube, como também foi chamado à seleção nacional.

O jogador confessa que, após o estágio, estar presente na convocatória para representar Portugal foi de certa forma uma “recompensa” por ter sido algo para o qual tinha trabalhado. Apesar disso, admite que ficou “incrédulo” quando “efetivamente” teve “a noção” de que ia participar no Europeu de sub-18.

Tallinn, capital da Estónia, foi o palco deste campeonato em que a seleção nacional enfrentou grandes conjuntos europeus. Josimar confessa que a prestação “foi um pouco agridoce”, uma vez que a equipa tinha mais potencial do que aquele que conseguiu demonstrar. Apesar de o esforço coletivo ter sido máximo, sente que a seleção nacional podia ter alcançado “feitos mais significativos”.

A nível pessoal, o jogador do SC Braga revê esta oportunidade como “uma experiência incrível”, onde aprendeu bastante e fez grandes amizades. Mesmo tendo em conta o ambiente “bastante competitivo”, que levou a algumas dificuldades de adaptação, e da intensidade dos numerosos treinos, reconhece que a “motivação que tinha para representar” o país era muito maior que o “cansaço e a vontade de ceder”. Fazer o que mais gosta ao mais alto nível foi uma das experiências mais marcantes da carreira do atleta.

Na presente temporada, em que Josimar completa oito anos a jogar basquetebol, tem idade equivalente a sub-20. Porém, explica que esse escalão não existe a nível nacional e, por isso, acumula os treinos da equipa sénior A com a B, que é um “híbrido de atletas de sub-20 de primeiro ano com atletas sub-18 maioritariamente do segundo ano”.

O atleta caracteriza o seu percurso no Sporting Clube de Braga como “muito bom”. Além da aprendizagem acerca do jogo, confessa que no clube também evoluiu bastante como ser humano. Acrescenta que a convivência com duas faixas etárias diferentes conseguiu proporcionar este crescimento em diferentes áreas.

Nesta “nova casa”, afirma que desde cedo lhe transmitiram confiança nas suas capacidades. O apoio que sempre sentiu causou uma certa “responsabilidade” de estar à altura, mas também muita vontade de retribuir todo este suporte que sempre esteve com ele. Procurando responder às expectativas que depositaram nele, o seu potencial foi confirmado pela chamada à seleção nacional, o que acabou por ser fruto desta relação entre jogador, colegas e equipa técnica.

Paralelamente ao basquetebol, há outra paixão na vida de Josimar: a Medicina. Tendo sido sempre bom aluno, recebendo por várias vezes prémios de mérito escolar, a entrada no curso que sempre quis, na Universidade do Minho, acabou por não ser uma surpresa.

Graças à dedicação e empenho com que habitualmente se dedica aos estudos, a média com que concluiu o ensino secundário – superior a 19 valores – permitiu-lhe dar o primeiro passo neste outro ramo do seu interesse. Assim, no presente ano, as boas classificações continuam a ser uma constante.

Uma grande dificuldade na vida de muitos estudantes, não exclusivamente universitários, é conciliar a escola com as restantes ocupações. O caso de Josimar não é exceção. Equilibrar a prática do desporto com a universidade nem sempre é fácil. “Tenho que arranjar tempo para conciliar, é um sacrifício que tenho que fazer”.

O atleta/estudante confessa que, por vezes, tem que fazer escolhas, como “ver menos séries ou sair menos com os amigos”. Contudo, dar o máximo de si nas duas vertentes acaba por ser do seu interesse. Os esforços são feitos com vista a alcançar os seus objetivos, que têm vindo aos poucos a ser cumpridos.

Questionado acerca das perspetivas de futuro, Josimar confessa que, “se fosse possível, gostava de fazer as duas coisas, mas é muito muito difícil”. Apesar de admitir ter muita vontade de ser jogador profissional de basquetebol, sabe que o panorama nacional é complicado e que viver só do desporto em Portugal não é algo seguro.

Assim sendo, o plano que tem em mente é “garantir, através dos estudos, uma espécie de almofada para o futuro”. Tendo consciência de que a carreira de atleta é curta comparativamente às restantes, prefere assegurar uma alternativa que lhe proporcione uma vida confortável a fazer algo que gosta igualmente, a Medicina.

Josimar aponta como referências a nível do basquetebol Giannis Antetokounmpo, atleta grego da NBA que joga atualmente nos Milwaukee Bucks, por ser “muito versátil e explosivo”, bem como Kevin Durant, dos Golden State Warriors, com quem se identifica por ver na mãe uma fonte de força.

O jogador/atleta declara que sempre reconheceu na progenitora um exemplo a seguir, uma imagem de muita humildade, mas também de sacrifício. Vê nela uma inspiração para ser melhor e para trabalhar cada vez mais para atingir os seus objetivos: “Em tudo o que faço, eu penso ´Como é que a minha mãe faria?` e inspiro-me nela para aguentar o dia-a-dia”.

 

Imagem e edição: Miguel Oliveira