Na cerimónia do 44º aniversário da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro realçou o desenvolvimento da instituição. O reitor espera, ainda, que o Governo aposte mais no Ensino Superior.

O salão medieval da reitoria da Universidade do Minho recebeu, esta segunda-feira, a Sessão Solene das comemorações do 44º aniversário da instituição, celebrado no passado dia 17. O investimento no ensino superior e os novos projetos da academia foram os principais temas abordados na cerimónia que contou com a presença do reitor Rui Vieira de Castro e do presidente da Associação Académica da Universidade do Minho, Nuno Reis, bem como do presidente do Conselho Geral.

Rui Vieira de Castro destacou as mudanças que a academia sofreu no ano passado e que continuarão durante este ano, em prol do desenvolvimento da instituição. Este deverá assentar em bases muito sólidas que garantam “uma saliente posição no contexto nacional e internacional nos domínios da investigação, da educação e da interação com a sociedade”.

No domínio da educação, o reitor da academia minhota salientou a diversidade da oferta educativa da Universidade do Minho, que futuramente conhecerá novas licenciaturas em Artes Visuais e Proteção Civil e Gestão do Território. No campo da investigação, a UM representa 10% da produção científica nacional, valor que tem vindo a aumentar, e mantém uma posição de liderança nos contextos nacional e europeu, no âmbito da ciência aberta.

Rui Vieira de Castro reconheceu que a atividade das universidades tem qualidade e um impacto positivo no desenvolvimento do país, contudo afirma que lhes são “negados os instrumentos necessários à prossecução plena dos seus fins”. Considera também ser necessária maior confiança por parte do poder político, já que “as universidades, e desde logo a UM, têm práticas de gestão rigorosas, fiáveis e transparentes”. Exemplo desta “desconfiança” é o financiamento do ensino superior, em que defende ser necessário um modelo estável que ultrapasse o “subfinanciamento crónico”.

Encontram-se em curso algumas medidas em áreas de atuação da Universidade nos diferentes domínios. Na área da investigação, pretende-se reforçar o corpo de investigadores da instituição. Espera-se também uma “articulação com os municípios onde a universidade tem a sua sede”. A par disto, surge uma estratégia “reforçada de aproximação da UMinho ao território e às comunidades que terá expressão numa Carta de Princípios para a interação com a sociedade”. Esta iniciativa realizar-se-á através de dois fulcros de intervenção: a criação de uma editora da Universidade e de um observatório de políticas públicas.

A nível internacional, o reitor destaca a parceria estratégica com Universidade de São Paulo, com a criação de um fundo partilhado e a participação da UMinho no Salão do Estudante na América Latina. Vieira de Castro salienta também os projetos em que a Universidade está envolvida, como o Discovery Centre e o Centro de Computação Avançada, onde está instalado um supercomputador, e o Laboratório Colaborativo em Transformação Digital (CoLab-DTX).

Nuno Reis começou por salientar o “reconhecimento universal” da UMinho como uma instituição de sucesso nas diversas áreas em que opera, da “invejável qualidade de ensino” à “produção de investigação científica de renome” e ao papel de “impulsionadora de coesão territorial, capaz de interagir com a sociedade a todos os níveis”.

O presidente da AAUM destacou o papel da Associação Académica nas conquistas da Universidade, realçando também o papel dos grupos culturais na construção da identidade da academia. Nuno Reis sublinhou as vitórias alcançadas no desporto, afirmando que a UM é “a universidade mais ativa da Europa”. “Formamos campeões nas diferentes competições, para que possam ser também campeões no decurso da sua vida”, rematou.

No discurso, Nuno Reis reforçou o apoio da AAUM aos estudantes mais carenciados. “A mais honrosa das missões é servir o maior número de pessoas, independentemente da sua condição socioeconómica”, afirmou o presidente da Associação Académica. Por isso, considera importante juntar as condições para o sucesso com “objetivos de crescimento, indicadores, as melhores infraestruturas e equipamentos e os profissionais mais dotados”.

Para finalizar, o presidente da AAUM disse não temer o futuro e esperar responder com criatividade e inovação aos desafios do mandato, tendo “a oportunidade de colocar à prova o conhecimento e valores adquiridos”.

John Martin, orador convidado e professor da University College London, fez referência às dificuldades que o mundo farmacêutico enfrenta. Referiu também que devem ser as universidades a guiar as empresas e não o contrário. No discurso, que provocou risos no público, o professor pediu coragem a Rui Vieira de Castro e pediu para que se voltasse a acreditar na ideia de qualidade.

A cerimónia contou também com a premiação e entrega de bolsas a alunos da academia minhota, de cartas doutorais, de medalhas a funcionários e do prémio de mérito científico ao professor da Escola de Ciências, José Manuel González-Méijome.

As palavras de Luís Valente de Oliveira, presidente do Conselho Geral (CG), encerraram os festejos do 44º aniversário da Universidade do Minho. Este elogiou a “instituição moderna, capaz de preencher as funções que dela se esperam” e abordou a precariedade da investigação em Portugal que, segundo o próprio, tem vindo a diminuir com o trabalho de instituições como a UMinho. O presidente do CG relembrou alguns dos maiores acordos da Universidade com empresas da região e classificou as parcerias realizadas entre as principais universidades da zona norte como essenciais para o desenvolvimento do ensino e da investigação em Portugal. “As oportunidades abertas ao conjunto são seguramente maiores do que a soma das que respeitam às partes”, explicou Luís Oliveira. O líder do CG terminou afirmando a esperança que tem na UMinho, “que soube aproveitar as oportunidades que lhe surgiram no passado”.

Daniela Soares e Márcia Arcipreste