Foi revelada hoje a programação do espaço cultural Banhos Velhos, nas Caldas das Taipas, para os meses de abril, maio e junho. O ComUM esteve à conversa com José Manuel Gomes, o programador cultural por trás do cartaz.

Música, teatro, tertúlias, palestras e apresentações. Os Banhos Velhos continuam a apresentar uma agenda cultural recheada de uma diversidade de eventos. O antigo espaço termal voltará a “abrir as portas” de forma gratuita à cultura, num ano de 2018 onde se assinala um marco histórico: os 200 anos da indústria termal nas Caldas das Taipas. Luís Severo e Surma são as principais atrações.

Banhos Velhos

Banhos Velhos, Caldas das Taipas

A temporada cultural começará com “Vozes da Liberdade”, a 24 de abril, em parceria com o Núcleo de Estudos 25 de Abril. O espetáculo assinalará os 44 anos que passaram desde a Revolução de Abril de 1974 e contará com atuações de Smartini, Mustang e de três agrupamentos escolares: Arqueólogo Mário Cardoso, Caldas das Taipas e Briteiros.

Em maio, o músico Luís Severo atuará nos Banhos Velhos no dia 5. O disco que lançou no ano passado vai recolhendo críticas positivas. “Luís Severo” foi considerado o melhor disco português de 2017 para os leitores da BLITZ. O concerto será parte integrante da programação de outro projeto cultural, desenvolvido pela Câmara Municipal de Guimarães, que também zela pela descentralização cultural: o ExcentriCidade.

A 11 de maio, o historiador António José de Oliveira apresentará uma tertúlia sobre os 200 anos da indústria termal nas Caldas das Taipas. Uma semana depois, nova tertúlia nos Banhos Velhos. Esta contará com os programadores do Festival Vodafone Paredes de Coura, do Gnration e do Centro Cultural Vila Flor. Respetivamente, João Carvalho, Luís Fernandes e Rui Torrinha debaterão sobre a programação cultural no Minho, mediados pelo jornalista Samuel Silva. Rafaela Granja, socióloga e investigadora da Universidade do Minho, apresentará no dia 26 a obra “Para cá e para lá dos muros”. Um livro que aborda a forma como decorrem as relações familiares, num contexto prisional.

Para concluir a agenda cultural de maio, atuará o grupo de teatro ATRAMA. A peça “Aquistas” terá o propósito de incutir nos espectadores o espírito das termas velhas das Taipas, levando a mente a imaginar as estórias de um lugar repleto de história.

Em junho, o mês começa com uma tertúlia sobre Camilo Castelo Branco e a sua ligação às Caldas das Taipas. Foi lá que o poeta se refugiou e se escondeu da polícia, pelo suposto rapto de Ana Plácido, sua eterna paixão e amante. Quinze dias depois, os Banhos Velhos contarão com Surma. O projeto musical a solo de Débora Umbelino, que em 2017 lançou “Antwerpen”. A primeira parte do concerto será dada por Castilho.

No dia 28, apresenta-se a peça de Gil Vicente “Farsa de Inês Pereira”, interpretada pelos alunos da Escola Secundária das Caldas das Taipas. O primeiro trimestre de Banhos Velhos encerrará no dia seguinte, 29 de junho. O último evento será um atelier infantil, liderado pelo Núcleo de Ciência Viva de Guimarães. A iniciativa Curtir Ciência dará oportunidade aos mais novos de realizarem várias experiências centradas na ciência.

Banhos Velhos

Programação de abril, maio e junho dos Banhos Velhos.

Pelos bastidores dos Banhos Velhos

Com uma agenda cultural para agradar a todos os gostos, os Banhos Velhos continuam a crescer de ano para ano e vão atraindo para as Caldas das Taipas cada vez mais pessoas. O ComUM foi conhecer melhor a história do local onde todos os eventos decorrerão e teve a oportunidade de conversar com José Manuel Gomes, programador cultural dos Banhos Velhos e responsável pelo marketing e comunicação da Taipas Termal.

ComUM: Como surgiu a ideia de reaproveitar as termas antigas e transformá-las num programa cultural tão diversificado?

José Manuel Gomes: Este espaço esteve 40 anos em ruínas e era utilizado antigamente para as pessoas “irem a banhos”. Em 2010, a Taipas Termal, a cooperativa que gere aqui as termas, decidiu remodela-lo e transformá-lo num sítio aberto à cultura. Esta iniciativa já dura há oito anos e é importante para a chamada “descentralização cultural”.

ComUM: Como é feita a escolha dos artistas e dos espetáculos que se vão realizar?

José Manuel Gomes: É a parte mais difícil, mas mais interessante. Tem de ser feita pensando em toda a gente, desde os oito aos oitenta anos de idade.

ComUM: Para além da Câmara Municipal de Guimarães, os Banhos Velhos têm outros parceiros com quem colaboram?

José Manuel Gomes: Todos os custos são suportados pela Taipas Termal, que tem esta valência importante e única: a aposta na cultura. No início do planeamento da agenda cultural, fazemos um repto às cerca de trinta associações das Caldas das Taipas, para que possamos cooperar para abrir as portas à cultura. Essas parcerias são mais institucionais, do que financeiras. A ligação da cultura às Taipas já vem de há muito tempo e estamos a tentar adaptar os Banhos Velhos aos novos tempos.

ComUM: Que balanço faz do sucesso dos Banhos Velhos?

José Manuel Gomes: Temos tido sorte, porque vem cada vez mais gente. Inicialmente, apenas conseguíamos chegar ao pessoal das Taipas, mas agora já recebemos pessoas de Braga, Guimarães, Famalicão, Porto, Viana e da Galiza. Isto quer dizer que os Banhos Velhos estão a crescer. O sucesso vai para além da adesão do público. Temos de fazer um balanço dentro do contexto de tudo o que os Banhos Velhos representam e a missão que têm: dar cultura às pessoas, o livre acesso à cultura. Tem corrido excecionalmente bem. Importante é as pessoas saberem que a programação existe e é livre para todos. Todos os eventos têm entrada livre.