“Marielle Franco, Presente!” ecoou na Avenida Central de Braga, onde se reuniu cerca de uma centena de pessoas.
Foram vários os pontos do país onde grupos de pessoas se juntaram em torno de um nome: Marielle Franco, a deputada brasileira assassinada a 14 de março no Rio de Janeiro. Em Braga, reuniu-se mais de uma centena de pessoas para lembrar “a voz da negra, a voz da homossexual, a voz da pobre” que foi calada.
Tatiana decidiu juntar-se à homenagem. Explica que “a possibilidade de um dia vir a acontecer-nos o mesmo” é grande. “Supostamente o Brasil também vive numa democracia”, remata a licenciada em psicologia.
Juliana Ferreira partilha da mesma opinião. “O povo não está a dormir, está presente. Estamos atentos ao que está a acontecer e se for preciso temos a força de os pôr lá fora”, avisa, referindo-se aos atuais governantes do Brasil. Consequentemente, “Fora Temer” é uma das frases mais ouvidas ao longo do evento.
O encontro é marcado por diversos cartazes e vozes. “Por uma vida sem medo”, “Chega de dar outra face” são algumas das mensagens repetidas. Existe também uma faixa do Bloco de Esquerda onde se lê “Não nos calam”.
Dezenas de pessoas reuniram-se na Avenida Central “por todas as Marielles mortas até ao dia”. Também foram várias as que pararam para ouvir o que Braga tinha a dizer: “Braga presente! Marielle presente hoje e sempre”.
Todas as vozes se juntavam, umas ao megafone, outras como coro. Todas, exceto uma. No final do momento de solidariedade, um cidadão que passava perto do evento grita aos manifestantes já dispersos: “Ide para o vosso país. Aqui é Portugal!”. Rapidamente, a multidão guiada pela voz de Cristiana Forbeno, brasileira pertencente ao coletivo “Braga fora do Armário”, faz-se ouvir: “Machismo! Fascismo! Aqui não passarão”. Quando o cidadão começa a ser vaiado e assobiado, a brasileira impede que continuem rematando: “assim, somos igual a ele”.
“Temos aqui um exemplo do porque é preciso isto acontecer”, esclarece Luís ao ComUM, depois do final menos agradável. “Estamos a falar de uma pessoa que estava a defender as minorias, pertencente ela própria a múltiplas minorias”, afirma, explicando que foi por este motivo que se juntou ao protesto.
As últimas vozes que ecoam ao megafone apelam à mudança. “A mudança vem e é demorada, mas nós sabemos fazer a mudança”. Por fim, a mais de uma centena de manifestantes recitaram o poema “Porque” de Sophia de Mello Breyner.