O ser humano nasce, cresce, reproduz, envelhece e morre. Este é o ciclo da vida, que perdura há 300 mil anos na humanidade. Ao longo dos séculos, a busca pela vida eterna também persistiu. Criaram-se contos que envolvem poções e feitiços que impedem alguém de morrer. Contudo, no mundo real, ainda ninguém fintou a morte. Se no futuro conseguíssemos evitar o caixão, quais seriam as consequências? Ficaríamos loucos por viver tanto tempo? Estas são questões que Altered Carbon tenta responder.
Baseada no livro de mesmo nome de Richard K. Morgan e lançada em fevereiro de 2018 pela Netflix, Altered Carbon é uma série de ficção científica que busca uma melhor compreensão sobre o Homem e sobre o que este valoriza. A vida eterna é possível no mundo futurista, mas nem todos a conseguem alcançar.
Altered Carbon retrata a época de 2384. No futuro, as pessoas não temem a morte. As suas memórias são armazenadas num dispositivo colocado na parte de trás do pescoço e os corpos são descartáveis. Takeshi Kovacs (Joel Kinnaman), um mercenário e único soldado sobrevivente de uma revolta contra a nova ordem mundial, é “acordado” para resolver o assassinato de um dos homens mais ricos nos mundos colonizados, Laurens Bancroft (James Purefoy).
O tema principal discutido pela série é o da vida e da morte. No universo criado por Laeta Kalogridis, diferencia-se a morte abstrata da morte real. Como já referi, as pessoas têm um dispositivo que preserva as suas consciências. Em caso de morte abstrata, basta trocarem de corpo que fica tudo resolvido. Porém, para tal, é necessário que o respetivo aparelho esteja intacto, caso contrário, a pessoa em questão morre de verdade. Apesar disto, nem todos têm acesso a este privilégio. Só os mais ricos conseguem pagar tais serviços. Aproveito para referir que o dinheiro é outro assunto bastante debatido. Quem tem dinheiro, manda. Os mais abastados fazem o que querem e não sofrem as consequências dos seus atos. Matam, roubam e violam a lei das mais variadas formas, mas, como são “podres” de ricos, safam-se sempre. Enquanto isso, os mais pobres são explorados.
Outro tópico relevante, apesar de secundário, é o da realidade virtual. No futuro, a realidade virtual, que atualmente conhecemos como forma de diversão, é utilizada para torturar pessoas. Há também o tema da religião que, apesar de ofuscado, está presente em certos momentos da trama.
Gostei bastante do enredo da série. Na minha opinião, foi bem desenvolvido e está complexamente organizado. Apesar de exigir uma maior atenção da nossa parte em relação a certos aspetos, Altered Carbon beneficia de uma história interessante repleta de reviravoltas. Destaco também os efeitos especiais que proporcionam um ambiente futurista recheado de tecnologia, poluição e excessos populacionais. Por último, uma nota para o elenco, que esteve muito bem na representação.
Nem tudo são flores. Por vezes, não se entende o fundamento de alguns diálogos. Achei a história um pouco densa e lenta. Há personagens que podiam ter sido melhor exploradas se as respetivas backstories fossem mais desenvolvidas.
Concluindo, vale a pena assistir Altered Carbon. Sendo uma série futurista de ficção cientifica, a imaginação prevalece sobre a realidade, mas, de forma geral, é interessante e merece maior atenção do público.
Género: Drama, Ficção Científica, Suspense
Temporadas: 1
Elenco: Joel Kinnaman, James Purefoy, Martha Higareda
Realização: Laeta Kalogridis
2018