As portas do Auditório Gulbenkian abriram-se ontem para tornar realidade o sonho de trazer de volta o Magna Augusta.
O Auditório Adelina Caravana, no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga, recebeu este sábado o III Magna Augusta. O festival organizado pela Augustuna voltou a realizar-se 12 anos depois da última edição, e a sala encheu-se de tunas vindas de todo o país.
Capas negras e pessoas de várias gerações, desde netos a avós, encheram a sala para ouvir o regresso do Magna Augusta. Foi com o tema “Vinho do Porto” que a Augustuna abriu, 12 anos depois, o festival. Reinou o sentido de humor e o orgulho de trazer de volta a tradição a palco. “Vocês estão muito jeitosos!”, grita-se na plateia.
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A primeira tuna a concurso foi a Estudantina Académica de Lamego. Vindos de Lamego, deliciaram o público com “És só tu”, uma música escrita pelo fundador. Além das músicas muito particulares, destacaram-se também pelo sentido de humor. “Chegamos a Braga e sentimo-nos sempre em casa… por causa do Bom Jesus”, conta a tuna, com um sorriso na cara. A Romaria de Lamego, dedicada a Nossa Senhora dos Remédios, é uma das maiores de Portugal, e como tal foi com a música “Marcha de Lamego”, dedicada à Romaria, que se despediram do III Magna Augusta.
De seguida, entrou em palco a TASCA, Tuna Académica de Setúbal Cidade Amada, que procurou homenagear os pescadores da sua cidade em temas como “Cavaleiros de Baco”. “Estamos muito contentes de aqui estar, esperemos que este festival volte a ser anual! Queremos as tunas ativas em Portugal!”, confessa a tuna. Estes despediram-se de forma especial do palco do Gulbenkian, completando ontem 15 anos de existência, e foi ao som dos “Parabéns” que viram o pano vermelho fechar.
Depois do intervalo, dos poemas e das piadas contadas pelos Jogralhos, apresentadores do festival, foi a vez da Tum’Acanénica, a tuna irmã vinda do distrito de Leira, se juntar à Augustuna. Cantaram juntos, em sintonia, o tema “A festa da vida”, e reforçaram o sentimento de amizade existente. Foi tempo de fazer uma viagem no tempo, voltámos a 1997, ano em que ambas as tunas se uniram nesta tradição académica.
Maria João, magíster da Augustuna no ano de fundação, foi convidada a subir a palco para cantar a serenata original “Só por Amor”, por ser isso que os une. “O importante não é ganhar, o importante é o espírito académico”, reforça Maria João. Os leirienses, vindos como tuna convidada, também arrancaram aplausos e gritos vindos da plateia, pela amizade, pela união e pela saudade com que cantam. “Sempre estivemos e sempre iremos estar disponíveis para a nossa tuna irmã, a Augustuna”, confessa o magíster da Tum’Acanénica enquanto abraça Ricardo Coelho, atual magíster da Augustuna.
“Viemos passear a Braga este fim-de-semana, estávamos a visitar o centro quando nos deparámos com a euforia das tunas, soubemos do festival e viemos logo comprar os bilhetes. Temos de confessar que está a ser muito surpreendente, estamos a gostar muito”, contam Luísa Brito e José Santos, um casal aveirense.
A última tuna a concurso a subir a palco foi a Tuna do Distrito Universitário do Porto, abrindo com um tema dedicado à Augustuna, “Casa portuguesa”. “É um prazer estarmos em Braga, um obrigado à Augustuna por nos fazerem sentir em casa e um obrigado também por terem trazido este festival de volta”, agradecem, com um sorriso na cara.
Antes da entrega de prémios, houve ainda tempo para muitas emoções. Ouviu-se um canto alentejano muito particular, apresentado pelos Jogralhos, e foram convidadas a subir a palco as tunas honorárias da Augustuna e a Tum’Acanénica para interpretar o tema “Fingimento”. “Obrigado pelo companheirismo, amizade e paciência que tiveram connosco ao longo destes anos”, confessa João Paupério, um dos fundadores da Augustuna, às tunas honorárias. Numa noite cheia de surpresas, João Paupério fez também questão de destacar quatro caloiros que subiram a tunos, na noite anterior ao festival: “é um orgulho vê-los crescer!”.
Na hora de entregar os prémios, a Tuna do Distrito Universitário do Porto destacou-se, levando os prémios de Melhor Estandarte, Melhor Solista, Melhor Instrumental, Melhor Arranjo Vocal e Melhor Tuna. A Estudantina Académica de Lamego levou para casa os prémios Melhor Ronda e Melhor Pandeireta. A TASCA, Tuna Académica de Setúbal Cidade Amada, leva consigo o prémio “Tuna+Tuna”.
“Não há mal que sempre dure ou bem que nunca acabe”, confessa João Paupério, orgulhoso do renascimento deste festival. “Saímos todos a ganhar, no fundo, ganhamos amigos, crescemos juntos!”. Assim é a tuna, e agora erguida fica a promessa de manter vivo o festival e toda a tradição académica que nele está representado.