O Theatro Circo serviu de palco para uma das últimas paragens da "London Eyes". Rui Sinel de Cordes presenteou o público de Braga com um espetáculo quase em forma de conversa.
Com uma sala esgotada de amantes da sátira e da ironia, Rui Sinel de Cordes trouxe um leque de comparações sarcásticas e análises políticas à cidade de Braga. Quase a terminar a tour “London Eyes”, o humorista voltou a vestir o seu colete à prova de ceticismos e deliciou o Theatro Circo, esta sexta-feira, com uma noite de humor bem caraterístico.
Depois da sua experiência em Londres, em abril do ano passado, o artista criou um espetáculo mais completo e com direito a vários relatos detalhados da viagem. Entre histórias e piadas, lamenta o quanto a cidade mudou com o passar dos anos e a cultura do humor negro se foi degradando. Sinel de Cordes considera que “Londres está numa bolha do politicamente correto”, onde já não há liberdade de expressão, “cheia de palavras proibidas”.
Rodeado por um cenário simples, apenas com a cidade inglesa delineada, Rui Sinel de Cordes manteve a sua postura confiante, sem medo de ferir susceptibilidades. O humorista apostou num espetáculo mais interativo, com imagens ilustrativas e vídeos de animação explicativos. Recorreu, assim, a notícias reais ou vídeos de sátira política, que ajudaram a captar ainda mais a atenção da plateia, sempre desejosa pela próxima “saída”.
Os dramas mais atuais de Hollywood também não escaparam ao olhar refinado de Sinel de Cordes. Além dos artistas do costume, aproveitou para pegar em Kevin Spacey e Louis CK para juntar à sua receita humorística, capaz de arrancar gargalhadas a cada membro da plateia.
A despedida da sala de espetáculos foi feita ao som de “You Can’t Always Get What You Want”, dos Rolling Stones, acompanhada por uma lição bem mais intimista e uma longa ovação de pé. Ao fim de duas horas a transformar os assuntos mais sensíveis em humor, Rui Sinel de Cordes deixou uma mensagem ao público bracarense: “Podemos ficar tristes ou escolher rir. Eu escolho rir.”
London Eyes, que vendeu 500 bilhetes numa hora, foi uma lufada de ar fresco que proporcionou a oportunidade de olhar para as adversidades de outra forma. Sem papas na língua.