Terminou a 13.ª edição do Cidade Berço. Entre lágrimas, sorrisos e rosas, as tunas encheram a sala principal do Vila Flor.

O Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor (CCVF) acolheu, no passado sábado, a noite de espetáculo do XIII Cidade Berço. A noite contou com muita animação e ficou marcada pelas homenagens aos tunos da Oportuna e da Luz&Tuna que recentemente faleceram.

Hélio Carvalho/ComUM

Com a sala praticamente cheia, a apresentação do espetáculo ficou a cargo do Afonso, Muma e Truão, personagens das Danças de S. Nicolau, dos Velhos Nicolinos. Durante toda a noite, entre piadas relacionadas com as cidades de Guimarães e Braga, os Velhos Nicolinos entretiveram o público presente com muito humor e, até mesmo, performances musicais muito peculiares.

A TUM, Tuna Universitária do Minho, foi a primeira tuna a pisar o palco. A tuna extra-concurso abriu em grande o espetáculo, contagiando o público com a alegria e irreverência que tão bem a caracteriza. Entre temas dedicados às “donzelas” e à cidade de Guimarães, os “padrinhos” da Afonsina foram fortemente aplaudidos. A tuna terminou a sua atuação com o seu hino, a “Boémia”, deixando no ar expectativas de uma grande noite de espetáculo.

A primeira tuna a concurso foi a Oportuna, a Tuna Académica de Ciências da Saúde – Norte. A tuna começou a sua atuação com uma homenagem “àqueles que partem cedo demais”, dedicando uma estreia de um a dois tunos da Oportuna recentemente falecidos, “De alma despedida”, de Pedro Tatanka. Depois de um primeiro momento que emocionou os participantes e o público, a atuação continuou, desta vez, com temas de António Zambujo e Pedro Abrunhosa, entre outros originais. Os temas seguintes tiveram um ritmo mais acelerado, conferindo uma performance surpreendente com as pandeiretas e os estandartes, terminada com confetis.

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De seguida, entrou a Tunadão 1998. A tuna do Instituto Superior Politécnico de Viseu marcou pela diferença na noite de espetáculo, dedicando um tema a todas as mulheres: prometendo “aquecer o coração de todas as ‘Marias’ presentes”, a tuna interpretou o tema “Lenda da Fonte”, que ficou marcado pela distribuição de rosas vermelhas a várias raparigas do público. No final da atuação, alguns tunos surpreenderam o público, aparecendo no palco vestidos com uma imitação do traje de caloiro da Afonsina: uma túnica com a bandeira da Fundação. A excelente interação com o público culminou no fim atuação, que lançou confetis e elaborou pirâmides humanas com a exibição de uma faixa de agradecimento: “Obrigado Guimarães, até à próxima!”.

Vindos diretamente de Lisboa, a Luz&Tuna foi a terceira tuna a concurso. “Irmãos” da Afonsina desde 1996, interpretaram temas de Zeca Afonso e Amália Rodrigues. O momento seguinte não deixou ninguém indiferente. A tuna dedicou o tema “Nunca mais” ao Pedro, tuno da Luz&Tuna que recentemente faleceu, dizendo que “o céu ficou com um dos melhores”. Durante a interpretação da música, vários tunos não conseguiram conter as lágrimas e mostraram-se profundamente abatidos. A tuna terminou a sua atuação com a original “Canta Lisboa”, com a promessa de voltar ao Cidade Berço.

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Para Rita Leite, estudante de Direito da Universidade do Minho, esta foi a primeira vez que esteve presente numa edição do Cidade Berço. A sua tuna favorita da noite foi a Tunadão 1998, dado que “criaram um ambiente particularmente envolvente” e “foi a tuna que mais e melhor conseguiu transmitir ao público o seu gosto pela música e a amizade”. No entanto, dá também destaque à Luz&Tuna, que “presentou o público com uma tremenda musicalidade e virtuosismo”.

A quarta e última tuna a concurso foi a Estudantina Académica de Castelo Branco (EACB). A tuna iniciou a sua atuação a cantar a “A Afonsina”, hino da tuna anfitriã, e agradeceu pela “excelente moldura humana” que preencheu o Grande Auditório do CCVF. Depois de interpretar temas de Carlos do Carmo e António Variações, a tuna surpreendeu o público com um solo de pandeireta, o único da noite. A tuna terminou a sua atuação com o representante da tuna a dedicar o tema “Adeus, que me vou embora”, aos seus colegas da EACB.

Hélio Carvalho/ComUM

Chegou a hora da Afonsina subir ao palco. A tuna anfitriã começou a sua atuação com a estreia de um novo tema, “Perdoei”, em homenagem a Francisco Ribeiro dos Madredeus. A grande novidade da noite foi a encenação teatral por parte dos caloiros da Afonsina. Entre a interpretação de vários temas como “Lenda da Fonte” e “Chico Fininho”, os caloiros encenaram um teatro relacionado com D. Afonso Henriques e a história da fundação de Portugal.

No momento da entrega dos prémios, a Tunadão 1998 foi a grande vencedora da noite, levando para Viseu os prémios de Melhor Serenata, Melhor Solista, Melhor Instrumental, Melhor Interpretação Musical, “Tuna+tuna” e Melhor Tuna. A Luz&Tuna arrecadou os prémios de Melhor Pandeireta e Melhor Estandarte.

Joana Silva, 25 anos, estudante de Medicina, disse que o espetáculo correspondeu às expectativas, mas não ficou surpresa pela forte afluência do público. “Confesso que não me surpreendeu ver a sala praticamente cheia, pois a divulgação e a própria qualidade do festival atraem pessoas. No entanto, enquanto membro de dois grupos culturais da UMinho [Coro Académico e Grupo de Música Popular], é sempre gratificante ver que um evento realizado por outro grupo cultural desta nossa academia enche uma sala de espetáculos”.

Já José Freitas, estudante de Direito de 20 anos, também ficou satisfeito pelo público que encheu a sala do CCVF, acresentando que “a malta do Minho até está bem ‘educada’ em relação a eventos culturais, neste caso festivais de tunas”.

Termina assim a 13.ª edição do Cidade Berço. Depois de épocas de altos e baixos para o festival, é clara a vontade da Afonsina e do público do Minho em ver mais edições do festival.