Asaf Avidan atuou no Theatro Circo na passada sexta-feira à noite, em contexto da tour “The Study on Falling”.
O músico Asaf Avidan atuou num Theatro Circo repleto de espectadores, na passada noite de sexta-feira em Braga. O cantor de folk rock de tradição americana esteve presente no recinto em tour pelo seu mais recente álbum a solo, “The Study on Falling”.
Perante uma plateia escurecida, Avidan entrou sozinho, num palco a meia-luz. O ambiente soturno manteve-se até ao fim do concerto, embalando a plateia numa viagem por canções de desgostos amorosos. Da sua voz peculiar ouviram-se melodias baseadas em experiências pessoais de “um homem velho, envelhecido”, caraterizado pelo próprio.
As letras aludiram aos diversos sentimentos do fim de uma relação ou de um amor terminado. Munido de várias guitarras, o músico atuou num registo acústico, dando uso às suas variações distintas de tom de voz. Apesar de ter gravado o álbum com outros músicos, aqui Avidan utilizou apetrechos digitais para reproduzir certos sons em periodicidade.
O cantor deu a conhecer as várias músicas presentes no seu último álbum. Na reta final do concerto tocou “Love It or Leave It”, canção pedida pelo público. Houve também oportunidade para ouvir canções não presentes no álbum, como “Poet of the Wind” ou a popular “Reckoning Song”. No total, o concerto durou cerca de duas horas, ultrapassando em trinta minutos a sua duração prevista. Tal não esmoreceu a plateia, vigorosa até ao fim nos seus aplausos.
Entre canções, o artista teceu algumas considerações íntimas sobre o amor. Quando somos jovens e nos apaixonamos, arrancamos “o coração palpitante, com polpa” do nosso peito. Quando o damos à pessoa em questão, esta “segura nele, beija-o e encosta-o ao peito”, para depois o deixar cair. “Vocês pegam nele e limpam-no um pouco”, de modo a repô-lo no seu sítio. Então, fazemos tudo de novo, as vezes que forem precisas. O coração parte-se um pouco em cada episódio, até que por fim “é apenas pólvora”.
Nas suas várias intervenções, o músico conseguiu cativar a audiência com os seus comentários autodepreciativos, bem como quando partilhou a sua história pessoal do motivo pelo qual enveredou por uma carreira musical. Avidan queria ser um animador, facto evidenciado pela “tatuagem no rabo do rato Mickey” que obteve aos dezasseis anos. Confessou que na altura julgava saber o que ia fazer para sempre. O cantor chegou a estudar cinema e animação, para depois trabalhar na área. “E depois… uma miúda partiu o meu coração”. A música surgiu então como um meio para exprimir a sua tristeza e a sua raiva.
Durante o concerto, Avidan decidiu oferecer uma bebida a uma espectadora, “porque dizem que o primeiro sinal de alcoolismo é bebermos sozinhos”. No final da performance, o cantor contou que faria a sua atuação mesmo sem plateia, porque o faz pelos seus próprios motivos egoístas. Apesar disso, o músico agradeceu à audiência uma última vez pela sua presença, porque tal lhe permite ser considerado um artista. “Estou a expandir os meus sentimentos, as minhas sombras”, explicou, “e vocês estão a absorvê-las pelos vossos próprios filtros.”