O último dia das Jornadas da Comunicação ficou marcado pelas conversas em torno da Comunicação de Cultura em Portugal e pela partilha de experiências profissioais.

Testemunhos pessoais de ex-alunos do curso de Ciências da Comunicação e debates em torno da atualidade cultural marcaram o último dia das XXI Jornadas da Comunicação. De manhã houve uma sessão de Speed Dating, perlongando-se a conversa pelos painéis da tarde.

Lénia Malaia, Samuel Silva e Cátia Fernandes foram alguns dos convidados para a sessão de Speed Dating que ocorreu de manhã, na Sala de Atos do Instituto de Ciências Socias, da Universidade do Minho. O evento permitiu que os estudantes do curso de Ciências da Comunicação escutassem testemunhos diversificados de ex-alunos das várias áreas integrantes do curso.

Cátia Fernandes, fundadora da Roof-Magazine, relembrou os alunos de que “quando se trata do início de uma carreira, cada experiência é valiosa e a persistência é fundamental”. Ana João Oliveira, da Farfetch, tocou no mesmo ponto, acrescentando que “nem sempre é necessário saber, de facto, o que se quer fazer. Não se deve é parar de trabalhar e tentar, sempre, perceber o rumo que queremos tomar”.

A sessão de Speed Dating permitiu que os alunos pusessem questões variadas aos convidados, com o intuito de explorarem melhor o que os espera nos anos futuros. Lénia Malaia, locutora de rádio, aproveitou o seu tempo com os variados grupos para incentivar os alunos a não deixarem de ser eles próprios quando chegassem ao mundo do trabalho. “A atitude correta é meio caminho andado para conseguirem fazer aquilo que, realmente, desejam fazer. Não façam coisas que não gostam, lutem sempre pelos vossos ideais”, declarou a convidada.

Francisca Vilas Boas, Diretora do Departamento de Comunicação da ARCUM (Associação Recreativa e Cultural Universitária do Minho), foi uma das convidadas, apesar de ainda ser aluna do Mestrado em Relações Públicas e Publicidade na UM: “acho que sou um exemplo completamente diferente, porque ainda não trabalho na área. Dando-lhes (aos alunos) este exemplo, também dou um bocado o conforto de saberem que não têm de saber já o que querem fazer”. Participante em vários intercâmbios internacionais, em Espanha, na Roménia, na Eslovénia, entre outros países, e envolvendo-se na organização dos mesmos, Francisca defende que todos os alunos devem participar neste tipo de atividades. Explica que “mesmo que (o intercâmbio) seja sobre uma área que não tenha nada a ver com a dos alunos, podem aprender skills como o falar publicamente e atividades ligadas ao empreendedorismo. Falar línguas diferentes, lidar com pessoas de backgrounds completamente diferentes, com mentalidades distintas da portuguesa são sempre fatores enriquecedores para qualquer jovem adulto”, afirma Francisca.

A parte da tarde deu lugar a dois painéis com diversos convidados provenientes da área da cultura nacional. “Comunidades, Territórios e Participação” foi o tema da primeira conversa, que contou com a presença de Rui Passos Rocha, Felicidade Ramos, Ilídio Marques e Bruno Borges Barreto. Com dez minutos de apresentação, cada um dos participantes explicou as atividades profissionais que desempenham.

Rui Passos Rocha, responsável pelo digital na Fundação Francisco Manuel dos Santos, abordou a realidade da cultura portuguesa com base em dados estatísticos, nas sondagens e na legislação cportuguesa. Analisou o acesso à cultura em Portugal, à luz das atitudes e comportamentos dos habitantes. Seguiu-se Felicidade Ramos, responsável pelo Departamento de Comunicação e Marketing da Direção Regional de Cultura do Norte e locutora do Grupo Renascença Multimédia, que apresentou, de forma geral, como o seu departamento se organiza e quais os objetivos estratégicos transversais do mesmo.

Apresentando-se como gestor de Comunicação do GNRation, Ilídio Marques falou dos três pilares fundamentais do espaço: cultura, empreendedorismo e juventude. Mencionou ainda o sucesso crescente das lojas europa jovem, projeto pioneiro do GNRation. Bruno Borges Barreto, Gestor de Comunicação e Marketing d’A Oficina, elucidou o público acerca da organização cultural da cidade de Guimarães, sua área de intervenção principal.

A segunda parte dos painéis da tarde incidiu sobre a temática “Comunicar Valores e Costumes”. A palestra moderada por Ana Melo contou com a presença de três convidados: Filipa Henriques, Henrique Mota Lourenço e Alexandre Souto.

O painel circundou, principalmente, os problemas em volta da cultura nacional, como a falta de adesão do público geral, o orçamento de estado dirigido a esta área e a questão polémica da descentralização. Filipa Henriques, envolvida na comunicação e distribuição da Portugal Film, falou da globalização do cinema português, afirmando que “as pessoas adoram a abordagem nostálgica do cinema feito em Portugal, mas é difícil comunicar outros géneros, como a comédia, porque os portugueses não estão habituados a ver filmes que não tenham uma componente triste”.

Já Alexandre Santos, diretor de marketing do Instituto de Produção Cultural e Imagem (IPCI), afirmou que “o entretenimento é uma indústria, a cultura não está pensada para o mesmo, a educação, que não é ela própria também indústria, não existe sem cultura”. Henrique Mota Lourenço, jornalista e argumentista, falou dos 0,2% de orçamento concedidos anualmente à cultura, caracterizando o valor como uma “anedota normal de provocar a revolta dos artistas”.

Apesar do tom sério tomado na última parte dos painéis, os convidados incentivaram o público a não deixarem a curiosidade de lado. Filipa Henriques recomendou que os alunos se mantivessem despertos e, acima de tudo, interessados no que acontece nas comunidades individuais de cada um. Ideia apoiada por Henrique Mota Lourenço que terminou assim as XXI Jornadas da Comunicação com um apelo à mencionada curiosidade, que “sempre foi o centro de tudo, é o que move as pessoas a descobrirem para além daquilo que já foi descoberto. Leiam, vejam filmes e não desistam”.

Daniel Monteiro, presidente do Grupo de Alunos de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho (GACCUM) aproveitou o fim dos painéis para agradecer a todos os presentes, com a esperança de que “para o ano as jornadas da comunicação regressem em peso”. Termina, assim, a 21ª edição das Jornadas da Comunicação, organizadas pelo GACCUM, que este ano abordou o tema da Comunicação das Instituições Culturais.