Michael Gracey escolheu contar-nos a vida do Homem do Espectáculo através de um filme que é todo ele uma performance digna de show. The Greatest Showman tem essa vontade se entreter e a qualidade da trilha sonora é o que nos faz querer comprar bilhete.

O nome Barnum já não soará estranho a muitos, pela sua fama no campo das Relações Públicas. Michael Gracey reabilitou esta mítica figura, criando o musical baseado numa história real. Na tela, oriundo das camadas mais baixas da sociedade, P.T Barnum vai contra tudo o que seria espectável para o seu futuro e torna-se um self-made man. Constrói uma espécie de circo de freaks onde junta pessoas com todo o tipo de bizarrices e as expõe ao mundo para serem vistas.

O excelente corpo de atores, com destaque para Hugh Jackman, mas também para Zendaya e Zac Efron, com a interpretação de Rewrite the Stars, está responsável pela energia do guião e, consequentemente, de todo o filme. Os cenários são fantásticos, com um notável trabalho de cores e com a grandeza e opulência que pedia a temática. As transições de câmara são excelentes, trazendo nelas o próprio efeito espectáculo.

Todo o filme é dinâmico, acontece no ecrã de forma rápida, intensa e explosiva.

O destaque é, sem dúvida, a trilha sonora.

Da letra das músicas, ao instrumental que as acompanha, à voz dos intérpretes – sem a qualidade alcançada neste parâmetro, a obra cinematográfica estaria remetida para a banalidade. O género musical, que em qualquer situação me deixa desconfiada, para contar a história de Barnum, foi absolutamente essencial. É a ideia de contar a vida do homem do espectáculo construído um filme em formato de show, que o torna numa das melhores produções dos últimos tempos dentro do género.

As músicas conferem intensidade dramática ao mesmo tempo que contam a história de maneira que diálogos não conseguiriam. Destaco a performance de Rebecca Ferguson, pela sua voz capaz de arrepiar qualquer pele, e a interpretação de Rewrite the Stars por Zac Efron e Zendaya.

Embora sejam das únicas personagens que não cantam no filme, o crítico e a filha de Barnum que anseia ser bailarina, merecem para mim um especial destaque. São boas personagens secundárias, com excelente dimensão psicológica, e cuja evolução acrescenta significado à história final.

Apesar de situada no passado, há uma certa alegoria no show de freaks a ser transmitida para o tempo presente: aquelas personagens com características fora do comum acabam por representar todos aqueles que não encaixam nas massas ou nos padrões da sociedade em que se inserem. Talvez tenha havido uma certa intenção do director em tornar o filme um hino ao self-empowerment, uma ‘celebração da humanidade’ – palavras sugeridas pelo próprio crítico a certo ponto na história.

Em suma, The Greatest ShowMan faz bem jus ao homem que representa. Acontece ao seu ritmo, ritmo esse que é dinâmico e intenso, surpreendendo sem deixar o espectador com tempo para recuperar o fôlego. Termina com uma frase do próprio Barnum, em jeito de moral final, que gostaria de também deixar aqui – “A arte mais nobre é fazer outros felizes” -, em jeito de homenagem à figura real e em jeito de aliciamento para o filme que tão bem lhe dá vida.