“Margem” retrata vários temas do existencialismo humano. O texto foi escrito por Joana Craveiro e a direção ficou a cargo de Victor Hugo Pontes.
O Theatro Circo acolheu esta quinta-feira a peça de teatro e dança “Margem”, que reuniu um grupo de jovens em palco para retratar aqueles que se “sentam à margem” da sociedade. O espetáculo foi adaptado da obra “Capitães da Areia”, de Jorge Amado.
As portas da sala principal do Theatro Circo ainda não se tinham aberto, mas do outro lado já se ouvia a música que dava início ao espetáculo de dança. Em palco, um conjunto de crianças jogava à bola, entre colchões que caracterizavam o trapiche. “Explicarei o que é o trapiche mais à frente”, disse João à plateia, personagem interpretada por João Nunes Monteiro. “O trapiche é a nossa casa”, revelou pouco depois.
O ambiente era escuro com uma enorme palmeira no centro do palco. Sob fumo de nevoeiro, vários jovens emergiram e perfilaram-se à boca de cena, com o livro “Capitães da Areia” na mão. Citaram várias passagens da obra e frisaram que, passados 80 anos da sua publicação, a história continua atual. Agora, a história era a de outros capitães da areia.
Em palco, as personagens mostravam dos conflitos que vivem interiormente, desde a adolescência, à relação que todos criaram enquanto órfãos e cuidadores uns dos outros. A peça abordou temas como a família, a perda, o amor, o crime, a sexualidade, o medo, o sonho e a morte. O diálogo era interrompido por momentos de dança, sendo que a maior dos atores tem formação nesta área.
Um caráter moralista caracterizava o espetáculo, com várias questões existenciais atiradas à plateia. A história mostrava ainda como o grupo enveredou pelo mundo da criminalidade, criticando a exclusão social que existe nas cidades e como isso influencia o percurso de vida.
O espetáculo teve estreia em janeiro, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Está ainda agendada uma digressão por vários pontos do país.