Foi no passado ano letivo que se comemoraram os 35 anos de L(M)CC, a Licenciatura em (Matemática e) Ciências da Computação. Aquando das comemorações, realizou-se, por iniciativa do NECC (Núcleo de Estudantes de Ciências da Computação), um colóquio aberto a todos os alunos da licenciatura e com a presença de alguns antigos alunos do curso que são agora docentes da Universidade do Minho (em particular, docentes que lecionam ao curso). O tema do colóquio era “O estado atual do curso” e o principal objetivo era discutir as problemáticas do curso e apresentar medidas que pudessem solucionar esses problemas.

Esta atividade representa, na minha opinião, a tarefa principal de um qualquer núcleo de estudantes: ouvir os seus estudantes, identificar os seus principais problemas e dificuldades e fazer chegar as suas preocupações a quem tem poder de tomar medidas que resolvam esses problemas.

A título de exemplo, alguns dos problemas debatidos no colóquio foram a falta de condições das salas onde decorrem as aulas, o atraso da divulgação dos enunciados dos trabalhos práticos e a falta de interesse dos alunos do curso no próprio curso.

Relativamente ao primeiro assunto, é um facto que muitas das unidades curriculares do curso são lecionadas em salas sem condições. Muitas das vezes, as salas não têm lugares suficientes para todos os alunos inscritos naquela disciplina; a iluminação da sala é insuficiente e dificulta a visão para o quadro; não há tomadas, o que dificulta o bom funcionamento de muitas aulas práticas em que é necessário o uso de computador. No presente semestre, por exemplo, há uma disciplina do 2º ano que tem 108 alunos inscritos. A aula teórica decorre numa sala com capacidade para 67 pessoas.

O segundo assunto abordado no colóquio surge porque muitas das UCs do curso de LCC têm uma parte prática que, por norma, é avaliada através de um trabalho prático realizado em grupo. E, se há disciplinas em que os enunciados dos trabalhos práticos são disponibilizados no início do semestre, essas são a exceção e não a regra. O que acontece, na maior parte dos casos, é que os enunciados são disponibilizados três semanas antes da entrega. Ora, num semestre com três trabalhos práticos em que as datas de entrega de todos os trabalhos são na mesma semana, contando que existem testes pelo meio dessas mesmas semanas, os alunos têm pouco tempo para se dedicarem à realização dos trabalhos. Obviamente que há alunos que conseguem, mas, mais uma vez, são a exceção e não a regra.

O terceiro assunto é o mais sensível e também o de maior dificuldade de resolução. Muitas das vezes, mesmo identificando e experienciando problemas como os que foram expostos anteriormente, os alunos não reagem. Se há 108 alunos inscritos e apenas 67 lugares, muitos alunos deixam de ir às aulas, em vez de insistirem para que haja uma mudança de sala. Se os enunciados dos trabalhos práticos são disponibilizados tardiamente, muitos alunos resignam-se, fazendo com que talvez os docentes não se apercebam deste problema.

É na indiferença de muitos alunos que reside a maior dificuldade de um núcleo de estudantes, cujo objetivo é contribuir para o melhor funcionamento do curso em a que pertence. É nesse sentido que o NECC trabalha. Para além de organizar atividades de cariz lúdico e formativo, o NECC tenta sensibilizar os alunos para o impacto que estes podem ter na minimização de aspetos negativos do curso. Só assim, trabalhando em conjunto com os alunos e docentes do curso, podemos estar à altura do desafio que é representar os alunos da Licenciatura em Ciências da Computação.