Se fizermos um exercício retrospetivo, percebemos que a cultura em Braga evoluiu muito nos últimos cinco anos. Em 2013 foi inaugurado o espaço que mais tem feito pela cultura bracarense. Não menosprezando outros pólos da urbe, o Gnration abriu uma porta nova a uma cidade que, até então, estava desaproveitada e monótona.

Começou por ser um quartel da GNR, mas o novo rumo dado ao edifício situado no coração de Braga figurou num novo paradigma para a cidade. Explorando várias valências, os artistas passaram a saber que acima do Porto também existe território e população com vontade de assistir a espetáculos – ainda que seja preciso percorrer um longo caminho evolutivo no que toca à educação para a cultura.

Com a abertura do Gnration, passou a primar a variedade artística. Começando pela música, onde deu palco a projetos experimentais vanguardistas, que não teriam lugar numa outra sala da cidade. Passando pelas exposições que combinam tecnologia e audiovisual, perfeita para aquele moderno espaço.

A criação de iniciativas como o Trabalho da Casa só pode orgulhar os nativos desta cidade e os amantes de música em geral. A ideia de convidar bandas locais a criar música nova de raiz e apresentá-la em concerto é genial. Não é algo novo. Mas, pelo menos, é algo regular, que empolga a música feita em Braga.

Nestes cinco anos, a cidade ganhou mais preponderância na cena cultural. A efervescência sentida no dia de sábado – durante as comemorações do quinto aniversário do Gnration –, assim como em diversos espetáculos, é sintoma disso mesmo. Além do mais, Braga ter sido selecionada como Cidade Criativa da UNESCO no domínio das Media Arts foi obra do arrojo das pessoas que lideram aquela casa, que tiveram a vontade de ir mais além num domínio onde, no país, não há quem se aproxime.

Ainda não temos noção do privilégio que é ter um local como o Gnration na cidade. No entanto, inevitavelmente, o espaço está a transformar a mentalidade de uma região, que cada vez mais aponta agulhas para as artes e para a cultura. As contínuas enchentes nos espetáculos demonstram uma maior abertura por parte do público. Se António Variações fosse vivo, talvez visse ali um local para se colocar ainda mais na dianteira do mundo, numa porta nova entre Braga e Nova Iorque.