O Auditório Multimédia da Universidade do Minho foi palco de uma conferência que contou com as presenças de Carlos Pires, Custódio e Jorge Sequeira.

Realizou-se, esta quarta-feira, a conferência “A Saúde Mental no Desporto de Alta Competição”, organizada pela Committed. Carlos Pires, agile coach da empresa Bosch, Custódio, ex-jogador de futebol e atual treinador adjunto do SC Braga B, e Jorge Sequeira, psicólogo desportivo, foram os oradores deste evento que aconteceu no Auditório Multimédia do Instituto de Educação.

Numa conferência moderada pelo editor de Desporto do ComUM, Tiago Gonçalves, Carlos Pires abriu as hostes. O convidado que tirou o mestrado em Psicologia Aplicada na academia minhota apresentou um estudo onde falou em vários aspetos importantes relativos à saúde mental no futebol de formação – Carlos Pires estagiou na equipa sub-17 do SC Braga.

Para além de enaltecer a alegria e a confiança como fatores fulcrais para o sucesso do atleta, referiu, igualmente, que é necessário um acompanhamento diário da vida do jogador e que esse processo não pode ser apressado. As diferenças que existem de atleta para atleta também foram abordadas. “Um psicólogo tem de perceber que cada caso é um caso e, assim, treinar as competências de cada um”, concluiu.

Sofia Vieira/ComUM

Custódio falou da sua carreira como atleta e de algumas fases desse percurso onde precisou de ser forte psicologicamente. Em relação à experiência na Rússia, onde jogou no Dínamo de Moscovo entre 2006 e 2008, o ex-futebolista admitiu que não se conseguiu adaptar. As duas finais da Liga Europa perdidas ao serviço do Sporting CP (2005) e do SC Braga (2011) são momentos que lamenta, mas considera que as piores fases da carreira se deveram às lesões.

Confessou ainda que sente falta de fazer parte de um balneário, como jogador, porque lá criam-se amizades difíceis de se explicarem. “A saída do balneário do Braga aquando da mudança para a Turquia custou-me muito”, disse o agora treinador adjunto da equipa B bracarense.

Sofia Vieira/ComUM

De seguida foi a vez de Jorge Sequeira intervir, sublinhando que a questão da saúde mental existe em todo o lado, mas que tem uma agravante no desporto: a vitória e a derrota fazem com que a situação melhore ou piore. Referiu igualmente casos concretos onde as lesões afetam negativamente a moral de um jogador, dando os exemplos do guarda-redes Marafona e do defesa-central Ricardo Ferreira, do SC Braga.

O fundador da empresa Team Building considera também que a resiliência é algo que se tem vindo a perder ao longo dos tempos. Ainda relativamente a essa questão, apresentou um vídeo motivacional sobre a importância da persistência num atleta, terminando, posteriormente, a sua intervenção com a frase: “Não interessa o número de vezes que se cai ao chão, interessa o número de vezes que nos levantamos”.

Sofia Vieira/ComUM

No fim, questionados pelo público sobre o erro cometido por Vagner, guarda-redes do Boavista FC, no jogo contra o FC Porto, em que foi colocado em causa pela opinião pública o seu profissionalismo, a resposta do painel foi unânime: as amizades criadas dentro de um balneário permitem que esse ruído não afete os jogadores. Jorge Sequeira acabou mesmo por dizer: “Acham que alguma vez era possível dizer-se no balneário para jogarem para perder? Isso não é possível”.

A conferência “A Saúde Mental no Desporto de Alta Competição” foi organizada pela Commited, empresa criada por um grupo de alunas da área de Relações Públicas e Publicidade do segundo ano do curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho.