O Theatro Circo acolheu James Rhodes, no passado sábado à noite. O pianista tocou peças de Bach e Chopin, bem como de Rachmaninoff e outros compositores.
O músico James Rhodes atuou no Theatro Circo, em Braga, na passada noite de sábado. O pianista foi o rosto do penúltimo espetáculo do ciclo de piano Respira, atualmente na sua segunda edição.
No centro do palco, a luz de holofote destacava um piano, o único instrumento usado no concerto. James Rhodes surgiu dos bastidores vestido num estilo casual, com Chopin escrito na sua camisola. Bem-humorado, o pianista introduziu os espectadores a cada uma das peças musicais na sua performance com pequenas explicações e curiosidades.
O concerto começou com a “Partita I” de Bach, que James Rhodes introduziu como “uma celebração da vida”. O artista destacou o extremo movimento de dedos que a performance da peça exige num piano convencional, dado que foi composta num cravo com dois teclados.
A sessão prosseguiu num período dedicado a Chopin, com duas peças da sua autoria. James Rhodes não escondeu a sua admiração: “Procuro sempre tocar pelo menos uma peça de Chopin nos meus concertos. Mais de 200 anos após a sua morte, quase toda a sua obra continua a ser tocada pelos palcos de todo o mundo. Sozinho, revolucionou a música clássica.”
Primeiro ouviu-se “Romanze”, o segundo movimento do “Concerto para piano nº1”. A música, de pendor romântico, foi composta por Chopin quando era um adolescente. Como a peça foi criada para uma orquestra, James Rhodes tocou em específico a versão de Balakirev, que a adaptou para o piano a solo. Depois ouviu-se a “Ballade nº 3”, peça composta por Chopin enquanto vivia com a namorada George Sand em Maiorca, Espanha. O pianista destacou como esta é “uma das suas peças mais alegres, com destaque para o seu fim em major key.”.
O foco do concerto virou-se para Rachmaninoff, introduzido por James Rhodes como “severamente deprimido”. A “Prelude Op3/2” do compositor russo, “uma música bastante triste”, foi seguida sem pausa pela “Prelude Op32/13”. Esta última difere em apenas uma nota mas, de acordo com o artista, é o suficiente para alterar por completo a composição da peça: “É como se tivesse duas forças em confronto. No fim, ganha a alegria, ou a destruição e a morte? O fim quase parte o raio do piano!”.
O programa do espetáculo estava assim concluído, mas por insistência do público James Rhodes ficou mais um pouco. O músico tocou uma peça por Gluck, incluída na sua ópera “Orfeu e Eurídice”. O pianista descreveu a sua próxima atuação como “a peça que acompanha Orfeu enquanto desce ao Inferno, para salvar a mulher que ama”. Concluindo, “o amor leva-nos a fazer coisas estúpidas”.
No serão houve tempo para um improviso casual, baseado na obra de Beethoven. “Se Beethoven vivesse hoje, estivesse inebriado numa festa e lhe pedissem para tocar alguma coisa no piano, sairia algo como isto”, contou James Rhodes como brincadeira. Por fim, o artista fechou a noite com a “Lullaby” de Brahms: “Esta é a minha última peça, para que todos possam ir para casa e ter uma boa noite de sono.”