O Cortejo Académico voltou às ruas de Braga. Os grandes convidados do desfile foram as saudades, as lágrimas, os litros de cerveja e o calor.
Esta quarta-feira de Enterro da Gata a tradição cumpriu-se. As ruas de Braga foram, mais uma vez, palco do Cortejo Académico da Universidade do Minho, este ano com o mote “A Gata Quer Casa”. Os jovens universitários honraram os seus cursos, e por volta das 14h, Braga encheu-se de orgulho. As lágrimas foram escondidas pela cerveja que encharcava os alunos na tarde quente.
Cada vez que um camião chegava perto da tribuna, aproximava-se a última praxe. Em alguns casos, doutores e caloiros de prancha, juntos. O silêncio começava e o camião passava sozinho pela tribuna. Chegou a hora de os caloiros serem caloiros uma última vez. Cumprimentam os representantes da academia e fazem a apresentação do curso.
Dos primeiranistas aos finalistas ninguém escondia a emoção. A UMinho preparava-se para ficar sem caloiros. Margarida Lima, papa, e Nuno Reis, presidente da Associação Académica da Universidade do Minho, nomearam como vencedores do cortejo o curso de Gestão.
“Já não ser caloiro, acaba por ser uma mistura de sentimentos. Sinto orgulho pessoal e coletivo, foi graças à união e aos outros valores adquiridos na praxe que tornaram isto possível e que me fizeram crescer enquanto pessoa. Vou ter saudades”, conta ao ComUM Tomás Felgueiras, aluno do primeiro ano de Biologia Aplicada.
Patrícia Lima, aluna do primeiro ano de Psicologia, decidiu ser espetadora e admite que “apesar de ser a mesma pessoa, o seu coração ganhou mais experiências e mais memórias, então foi bastante emocionante ver o cortejo porque a fez refletir acerca de todo o processo pelo qual tem passado, ao longo do ano”.
A vénia na tribuna já passou, resta agora cumprimentar o cabide de cardeias, não como caloiros. “Somos novilhos”, gritam os novos novilhos. Os da média guarda, do pergatório do segundo ano, não escondem a ânsia de se tornarem Doutores e Engenheiros no ano que se aproxima.
Os caloiros já não são caloiros e isso enche o Minho de lágrimas. Uns choram por terem conseguido, outros por acharem que é o fim e outros recordam o curso que carregam ao peito. Há ainda os que choram só de ver e de esperar o ano que aí vem. Todos unidos no monumental cortejo académico.
As ruas encheram se de 57 camiões, 55 dos quais representavam cada curso da academia minhota. Dois campus juntaram-se em Braga para partilhar um momento que para uns foi o início e para outros o fim.
“Foi aqui que a minha filha fez amigos. Aprendeu a ser um só”, admite uma mãe. Foi o orgulho que trouxe os alunos às ruas, para no final, reunirem-se no chafariz. Para lavar o cortejo de tristeza.
É oficial, a Universidade do Minho não tem caloiros.