Emanuel foi ainda o responsável por anunciar o curso vencedor do cortejo académico 2018. Numa noite de diversão, o cantor frisou aos jovens a necessidade de fazer aquilo que os faz felizes.
Emanuel voltou ao palco do Enterro da Gata, seis anos depois da sua última atuação nestas festividades. A noite ficou marcada pela música popular portuguesa e pela apresentação de músicas mais recentes noutros estilos musicais.
O Emanuel esteve cá em 2012. Como é que é voltar ao Minho?
Emanuel: É fantástico! Para alguém que escolheu a música como profissão, andou uma série de anos a estudar, tirou o curso de guitarra clássica e lecionou esse instrumento, que nunca sonhou sequer que um dia a vida dele seria isto, ver esta juventude toda a cantar as canções que eu faço é uma coisa maravilhosa. A música é a minha profissão. Eu costumo dizer que sou um operário da música, mas também o faço com muita paixão, com muito amor. Portanto, isto é uma recompensa interior fantástica. A alma cresce, a alma vive e tudo faz sentido quando se pisa um palco destes e se está à frente desta gente maravilhosa.
O que é que distingue o público académico dos restantes públicos?
Emanuel: É muito mais eufórico. Também é verdade que o ambiente é mais propício, visto que a malta está aqui para se divertir. E também têm sangue na guelra e eu adoro isso. Eu não tenho idade, acho que a idade não faz sentido. A alma é que nos controla a idade e a capacidade de sermos ou não sermos felizes. E o que acontece aqui é felicidade pura, é um estado emocional enorme, fantástico, e não foi em vão que eu disse “levem esta alegria para sempre, para as vossas vidas, para as vossas casas”, porque nós nascemos para ser felizes, mas ser feliz é também uma arte. É preciso saber ser feliz, porque é uma questão de equilíbrio mental: às vezes temos tudo e não sabemos ter proveito, às vezes não temos nada e somos felizes. Portanto, por isso eu dizia que era uma arte, e aqui o que se vê é a arte de ser feliz. Toda a gente pula, toda a gente canta, sem preconceitos. Toda a gente dá as mãos. É isto que faz sentido para a vida e para a música. E eu faço música para isto.
Existe a ideia de que os jovens não ouvem, ou ouvem cada vez menos, música popular. Como é que vê isso?
Emanuel: Está aqui a prova! Eles sabem as músicas todas, até as românticas. Ainda não tinham nascido alguns e mesmo assim cantam as músicas que saíram antes. Não é bem assim…O que eu acho é que a música popular não toca nas rádios nacionais. Está completamente excluída. Compreendo isso, tudo bem, cada um faz o que quer. Temos outras opções. Mas se as pessoas cantam as canções éporque as ouvem em algum sítio. E cantam-nas. Se as cantam éporque gostam, mesmo que às vezes não se manifestem. Eu manifesto-me, não tenho problema absolutamente nenhum.
Quais são as maiores dificuldades de ser um artista?
Emanuel: As dificuldades são imensas, até porque a maioria canta, vai à televisão e depois não acontece nada. A dificuldade maior é que não há lugar para todos, só para alguns. Como eu disse, isto é um privilégio. Uns conseguem, outros não conseguem. É uma profissão que exige algum investimento financeiro. Nos concursos de fim de semana, aparecem vozes extraordinárias, mas fazem karaoke de luxo, porque o essencial nesta profissão são as canções. O que dá sucesso aos cantores são as canções e as pessoas não pensam nisso. Cantam bem e pronto, “cá estou eu, sou artista”. E o resto? Para ter uma boa canção é também preciso conhecer o compositor e produtor certos. Editoras para investir já não existem, porque a industria faliu. Existem duas ou três multinacionais que vão editando uns artistas portugueses, mas não há investimento. Tem de ser a pessoa a fazê-lo. Portanto, este é que é a dificuldade, começando com o problema das canções.
E novidades para o futuro?
Emanuel: Temos uma música brevemente. Dentro de um mês, temos videoclipe. Estejam atentos!