Investigadores da Universidade do Minho (UM) descobriram que fatores psicológicos contribuem para o desenvolvimento de dor crónica em mulheres submetidas a histerectomia.
Os fatores psicológicos contribuem para o desenvolvimento de dor crónica em mulheres submetidas a histerectomia. Assim o determinam os resultados de um estudo realizado por investigadores da Universidade do Minho, publicado na edição de maio da revista Pain.
Os cientistas analisaram, num grupo de mulheres submetidas a histerectomia por causas benignas, as trajetórias de dor em períodos de quatro meses e de cinco anos. Neste contexto, foram também examinados os fatores de risco pré e pós-cirúrgicos associados a trajetórias de dor pós-cirúrgica desfavoráveis. Este foi o primeiro estudo da área a seguir a trajetória de dor pós histerectomia até aos cinco anos.
Patrícia Pinto, uma das autoras do estudo, afirma que o estudo teve como finalidade “identificar os fatores de risco” do surgimento de dor crónica pós-cirúrgica. A investigadora do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) frisou que “é determinante o acompanhamento psicológico pré-cirúrgico, com uma ou duas sessões” a realizar “em contexto hospitalar”. Deste modo, é também importante o acompanhamento psicológico pós-cirúrgico “a médio e longo prazo”.
A ansiedade que antecede e sucede a cirurgia, bem como o medo de consequências da operação, são dois fatores que se verificaram contribuir para o desenvolvimento de dor crónica pós-cirúrgica a médio e longo prazo. Outros fatores encontrados são a interpretação da dor como ameaça e circunstâncias emocionais resultantes da doença.
Por outro lado, fatores como a idade, dor antes da cirurgia e o tipo de histerectomia (abdominal, vaginal, laparoscópica) não se demonstraram preditores de dor a longo prazo após a operação. O único fator clínico de risco foi a intensidade e frequência da dor aguda após a cirurgia.
A dor crónica pós-cirúrgica, referente à dor que se desenvolve ou aumenta em intensidade após a cirurgia, é uma complicação reconhecida pela Classificação Internacional de Doenças, da Organização Mundial de Saúde.