Um estudo promovido pela União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) junto da comunidade académica de Coimbra concluiu que uma em cada cinco jovens universitárias já foi vítima de abusos sexuais.

Com mais de 500 respostas a um questionário sobre as perceções e experiências sexualmente violentas na comunidade académica de Coimbra, os resultados obtidos constatam que 77,8% dos respondentes estão ligados à Universidade de Coimbra e 12,2% ao instituto Politécnico de Coimbra. Com estes resultados, torna-se possível confirmar as prioridades da estratégia de ação do projeto CAMI- Capacitar para Melhor Intervir Localmente, um projeto conjunto entre os núcleos de Viseu e Coimbra.

Segundo este estudo, experiências como um comentário inconveniente sobre a roupa que traz vestida, alguém que não se afasta, um colega que comenta algo inapropriado junto do seu ouvido quando estão numa reunião de trabalho ou quando o namorado não aceita que negue ter relações sexuais quando ambos estão embriagados, fazem parte do dia-a-dia de estudantes, professores e de mais pessoas que têm contacto com a comunidade universitária. O estudo da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) sobre assédio e violência sexual em contexto académico foi apresentado esta quarta feira (23) e segundo este as mulheres jovens são a maioria das vítimas identificadas.

Segundo o estudo, o meio académico é um dos meios mais propícios à violência sexual: 18,3% das mulheres inquiridas garantiram que foram vítimas de coerção sexual em circunstâncias ligadas à academia seja em rituais académico (4,1%), grupos culturais ou desportivos (3%), comunidades estudantis (4,7%), por parte de docentes (1,8%) ou por um superior hierárquico ou colega (4,7%).

Para a UMAR, a violência sexual refere-se a um conjunto de experiências sexuais indesejadas, desde as consideradas mais leves como o assédio na forma de piropos e as mais graves na forma violação. Existem ainda situações em que existe ameaça ou manipulação: 21,7% das mulheres e 9,3% dos homens questionados já foram vítimas de algum tipo de pressão para fazerem algo não consentido de cariz sexual. Nestes, mais de metade dos respondentes que afirmam ter sido vítimas dizem que os atos foram praticados por parceiros ou ex parceiros íntimos.

Os indivíduos de género masculino foram apontados por 90% das mulheres como os principais perpetradores. E, enquanto 87,2% dos homens afirmam nunca ter passado por uma situação deste género, apenas 68,1% das mulheres dizem o mesmo. Os resultados evidenciam que os homens também são vítimas de violência sexual, sobretudo nas formas consideradas mais leves como os “toques indesejados”.