O auditório da Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão, acolheu a inauguração do Centro Português do Surrealismo. O projeto procura fortalecer a oferta cultural da cidade e contar a história do movimento surrealista em Portugal.

O Centro Português do Surrealismo foi inaugurado, ontem, no edifício da Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão. A cerimónia contou com a presença do ministro da cultura, Luís Castro Mendes, e do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. O surrealismo português e a descentralização foram os principais temas da inauguração.

Centro Português do Surrealismo

Diogo Rodrigues / ComUM

À porta do edifício da Fundação Cupertino de Miranda (FCM) e longe da chuva, esperava-se a chegada do Presidente da República (PR). Marcelo Rebelo de Sousa veio e à sua volta, como é habitual, as pessoas procuravam um segundo de atenção do “presidente dos afetos”. Acompanhado por Paulo Cunha, presidente da Câmara de Vila Nova de Famalicão, o presidente entrou no edifício para a inauguração.

O Centro Português do Surrealismo nasceu de um projeto de vinte anos. Conta com mais de três mil obras, nas “mais rigorosas condições de conservação e exposição”, e compromete-se a conservar, expor e contar a história do movimento surrealista em Portugal. Mário Cesariny, Júlio, Cruzeiro Seixas, Marcelino Vespeira, António Dacosta, Mário Boyas e Raúl Perez são alguns dos trezentos artistas representados no Centro.

A cerimónia de inauguração decorreu no auditório do edifício Cupertino de Miranda. Estava previsto um espetáculo de abertura no pátio em frente ao edifício, mas a chuva traiu os planos. O presidente da FCM, Pedro Álvares Ribeiro, deu início às formalidades, dentro de portas. Seguiram-lhe o professor Perfecto Cuadrado e uma breve declamação do poema “You are welcome to Elsinore”, do autor surrealista Mário Cesariny.

Paulo Cunha saudou o esforço do concelho para apresentar uma oferta cultural “bem-sucedida, forte e arrojada”. Sublinhou a importância do Centro Português do Surrealismo para fortalecer a oferta cultural de Vila Nova de Famalicão e o papel que terá em colocar a cidade num patamar superior a nível cultural nacional e internacional.

O edil famalicense aproveitou a intervenção para tecer largos elogios ao concelho que preside, “conhecido pelo fulgor económico”. Destacou as exportações, a aposta na formação e o papel indústria, que faz parte do “passado, presente e futuro do concelho”, para levantar o tema da descentralização e apelar a uma intervenção multinível na governação.

Sobre o tema levantado pelo autarca, o ministro da Cultura, Luís Castro Mendes, assegurou que “a cultura é descentralizada” e que o ministério agradece o papel local das autarquias para a dinamização cultural do país. “Queremos é trabalhar com as autarquias”, acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa fechou a inauguração com um discurso onde enalteceu o dinamismo cultural, económico e cívico do município.  Sobre a descentralização, reconheceu a importância da proximidade para a governação, “sempre numa perspetiva multinível” e acrescentou que descentralização não deve consistir em passar responsabilidades. O Presidente da República aproveitou, ainda, para reforçar a importância do projeto da FCM: “O lugar do surrealismo é em Famalicão. Só não se chama museu, porque seria pouco surrealista pôr o surrealismo num museu.”

As comemorações continuaram com a abertura da exposição “Na Coleção Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian”, composta por obras cedidas pela fundação que dá nome à exposição. A exibição manter-se-á aberta ao público até dia 8 de setembro na Fundação Cupertino de Miranda, onde está sediado o Centro Português do Surrealismo.