Num concerto mais intimista e com direito a uma convidada especial, a libanesa Nadine Khouri trouxe "The Salted Air" a Braga.
Nadine Khouri regressou aos palcos portugueses para divulgar o seu mais recente trabalho, “The Salted Air”, lançado no ano passado. Na noite de quarta-feira, a cantora libanesa passou pelo Theatro Circo, em Braga.
Com o Pequeno Auditório do Theatro Circo completamente às escuras, um feixe de luz acende-se e Nadine aparece, vestida de preto dos pés à cabeça. O único elemento que se sobressai no meio de toda a escuridão é a guitarra vermelho-vivo da cantautora. De imediato, a energia tranquila e tímida de Nadine toma conta do espaço à sua volta, dando assim início ao concerto com “You Got a Fire”.
Com recurso a várias pedaleiras de guitarra para a criação de séries de loops, a cantora criou um ambiente experimental em torno da sua música, mostrando uma sonoridade muito diferente da que se ouve nas suas versões de estúdio. Em “Surface of the Sea”, canção dedicada à sua terra-natal, esta abordagem mais experimental foi bastante notória, deliciando o público com uma experiência diferente da que provavelmente esperavam.
Sensivelmente a meio da atuação, Khouri contou que a viagem de Londres até Portugal não foi fácil. Entre vários incidentes, veio à boleia para Braga com Graça Carvalho, uma jovem portuguesa que, mais tarde, descobriu ser violinista profissional. Sem demora, convidou Graça para se juntar a ela no palco e interpretaram “Broken Star”, um dos temas mais conhecidos de “The Salted Air”. Seguiram-se “The Salted Air” e “Catapult”.
Nadine mora, atualmente, em Inglaterra, mas nasceu e cresceu no Líbano, numa altura em que o país atravessava um período de invasões israelitas. “Tenho muitas composições sobre esta fase da minha vida, mas não gosto de as gravar em estúdio, são muito pessoais”, admitiu a cantora. Apesar disto, tocou “To Sleep”, uma canção acerca da sua infância, em que metaforicamente eleva a arte a salvadora em tempos difíceis.
Mais uma vez, chamou Graça ao palco e, juntas, interpretaram “Throw Your Love Down”, um poema que nunca chegou a ser gravado em estúdio. As sonoridades experimentais criadas pelo violino eletrificado enaltecem a voz vulnerável e crua de Nadine, que aposta muito no spoken word. É notória a química entre as duas artistas, tendo em conta que apenas se tinham conhecido nesse mesmo dia.
Para terminar a atuação, Nadine homenageia dois dos seus maiores ícones e inspirações musicais. Interpreta uma das muitas composições de Nick Drake, que teria feito 70 anos no dia anterior ao concerto; e, por fim, “J’arrive à la ville” de Lhasa De Sela, cantora méxico-americana, com origens libanesas como Khouri.
Nadine Khouri regressará em breve para Inglaterra, mas promete voltar para mais concertos em Portugal, país pela qual se voltou a apaixonar numas curtas 24 horas. Por aqui, o público de Braga aguarda esperançosamente o seu regresso.