É demasiado comum. Pouco se destaca do típico filme sobre adolescentes no ensino secundário. A tentativa de colocar um protagonista gay para transparecer originalidade, não satisfaz. É o que pensamos no início. Ainda é o que pensamos no fim. Mas,pelo meio, damos por nós a sentir tudo o que Greg Berlanti queria. Apesar de tudo, “Com amor, Simon” comove o espectador. Removendo os momentos em que é previsível, pode ser considerada uma boa narrativa sobre a aceitação social e a necessidade de se assumir uma orientação sexual, ainda em pleno século XXI.

Greg Berlanti deu vida a um argumento que roça o óbvio e fez dele um filme fácil. Escolheu um grupo de adolescentes, colocou uma escola secundária como pano de fundo, e, para dar ao espectador a ideia de que está a inovar um género, escolheu um protagonista gay para disfarçar a falta de originalidade e dar o ar de “mainstream” à obra.

Também os cenários são surpreendentes. A escola secundária, o típico quarto de adolescente, e a festa na casa do amigo, são os de maior destaque. Não adivinharia.

Mas posso estar a ser injusta.

Na verdade, se ignorarmos o facto de Hollywood ter produzido dezenas de filmes iguais a este, podemos considerar “Com amor, Simon” uma agradável ida ao cinema à tarde.

Existem excelentes atuações por parte da maioria dos atores. O protagonista é genuíno, e não só acreditamos, como torcemos a favor dele. É Simon, interpretado por Nick Robinson, que conquista a nossa simpatia e dá todo o agrado ao filme. É uma personagem bem construída psicologicamente, que não tem as atitudes óbvias, foge ao cliché gay e marca pela veracidade.

Pelo meio, damos por nós envolvidos na história por causa do ator. Acompanhamos os sentimentos de Simon e no fim, pode ou não, surgir uma parte em que juntamos as mãos e ansiamos que tudo dê certo, repetindo: “vá lá, vá lá!”.

Os amigos do protagonista, Leah, Abby e Martin, também têm características e backgrounds bem definidos, constituindo-se em personagens autênticas que temos vontade de acompanhar. O diretor da escola secundária, cujo único propósito parece ser fazer-nos sentir vergonha alheia, é a personagem que mais desilude. Não passa de uma tentativa falhada da criação de uma personagem cómica, com atitudes e piadas às quais estamos habituados a ver no Disney Channel desde 2009.

Admito que há um bom mistério que se mantém ao longo da narrativa. Não sabemos a identidade do apaixonado de Simon e é isso que nos entretém. A surpresa é bem conseguida. Existem também bons diálogos e bons monólogos: “Why is straight the default, why only gay people have to come out?” é uma das frases do filme que ficou comigo, porque me inquiro a mesma coisa.

Não considero “Com amor, Simon” um mau filme. Só não o considero um bom filme. Não escapa a um ou outro cliché secundário, mas consegue envolver o espectador na história e fazê-lo torcer por um bom final. Tem uma mensagem mais profunda do que aparenta – trata da dificuldade em anunciar quem somos e a obrigatoriedade de lidar com a aceitação social. Mas não deixa de ser um filme leve, que de tão leve não tem conteúdo suficiente para ser considerado favorito.

Acredito que exista quem precise de ver este filme. Acredito até, que este tenha tido a capacidade de tocar alguém o suficiente para inspirar algum tipo de mudança.

É um remake do típico filme de adolescentes só que com dramas de 2018.  Na minha opinião, não deixa de ser um remake.