A licenciatura em Educação Básica é uma das duas licenciaturas que o Instituto de Educação da Universidade do Minho tem para oferecer aos seus alunos. A licenciatura tem um corpo docente excelente e qualificado, bem como boas instalações onde decorrem as atividades letivas. Todavia, existem dois aspetos fundamentais que preocupam os estudantes desta licenciatura.

Em primeiro lugar, é preciso realçar que o curso tem uma componente prática pedagógica muito reduzida. E este é um dos fatores que faz com que a maioria dos alunos ache que o curso não é assim tão completo quanto aparenta ser. Se perguntarmos a um aluno da licenciatura o que é que este gostaria de ver alterado no seu curso, a resposta irá ser sempre: “Ter mais contacto com as crianças!” , “Ter disciplinas mais práticas ao invés de tanta teoria…”. É notório que os alunos têm razão no que dizem, pois, dos seis semestres que constituem o curso, apenas existem duas unidades curriculares, com a duração de um semestre cada uma, que realmente têm o caráter de iniciação à prática profissional.

Todavia, nestas duas UCs apenas é dada a oportunidade ao aluno de fazer uma “observação participante” em contextos educativos. Esta observação poderá ser tanto menor ou maior consoante o grau de envolvimento que o professor ou educador do contexto oferecer aos estudantes universitários, aquando da sua presença no mesmo.

É ainda importante realçar que ao ter apenas duas unidades curriculares onde podemos observar o contexto educativo, vamos deixar ainda por explorar outros dois contextos, antes de escolher o mestrado que pretendemos seguir. Isto é, um futuro aluno da licenciatura pode optar por quatro mestrados (em ensino) que correspondem aos contextos de creche e pré-escolar, pré-escolar e 1º ciclo e 1º ciclo e 2º ciclo.

Assim, um aluno que ainda não tenha decidido qual o mestrado que irá optar no futuro, aquando da licenciatura não tem oportunidade de vivenciar todas as realidades, o que pode deste modo dificultar a sua escolha e por outro lado poderia ajudar a fazer escolhas diferentes caso os alunos tivessem oportunidade de observar os restantes contextos.

Conclui-se deste modo que em três anos de licenciatura não existe assim nenhum momento de “estágio” dos alunos. Não existe nenhum momento em que possamos realmente experienciar por nós próprios o que é ser professor ou educador, apesar de sabermos que a licenciatura não tem o objetivo de formar professores ou educadores.

Assim, num curso onde o posterior objetivo é saber interagir com crianças em contexto educativo, existirem apenas duas unidades curriculares com cariz prático parece ser muito pouco para a “formação completa” que o curso pretende oferecer.

O segundo aspeto que é importante mencionar, pois é também um ponto menos positivo que os alunos realçam, é o facto de o mestrado não ser integrado na licenciatura, como acontece em muitos outros cursos. Ao realizar três anos de licenciatura, um aluno de Educação Básica não fica habilitado a ser professor ou educador. Para tal, tem de realizar um dos quatro mestrados em ensino que o podem habilitar.

Assim, depois destes três anos, um aluno tem de concorrer novamente à universidade, desta vez a um mestrado, com a possibilidade de não entrar naquele que pretende. Isto devido às vagas que podem ser ocupadas por candidatos de outras universidades que possuam médias superiores aos alunos da Academia Minhota. Ou ainda, pelo facto de não existirem alunos suficientes para abrir um determinado mestrado, daqueles quatro que poderiam ser escolhidos. Assim, após uma licenciatura com bastantes disciplinas teóricas e com pouca prática ainda é possível que os alunos não ingressem novamente na Universidade do Minho, no mestrado pretendido.

Em suma, estes dois argumentos apresentados são sem dúvida as maiores preocupações e também os fatores que podemos considerar negativos relativamente à licenciatura em Educação Básica. Sabemos que existem decretos-lei que a licenciatura tem de cumprir e que fazem com que tenha esta estrutura. Apesar disso, a estrutura não parece ser a que mais agrada aos alunos.

Quanto ao ensino que nos é prestado, bem como às instalações onde este decorre, são as melhores. Assim como é bastante boa a relação existente entre professores e alunos do Instituto de Educação, o que é sem dúvida um fator positivo na jornada de qualquer aluno.