Depois de um dia de campo aberto chega o segundo dia de Rodellus, um festival conhecido pela “odisseia do campo” que tem lugar em Ruílhe, Braga.

Depois de um primeiro dia gratuito que levou uma enchente ao parque de merendas da Cunha, o segundo dia do Rodellus, este ano com o lema “Quem pode, poda”, esteve aberto a várias bandas de diferentes nacionalidades. Nos três palcos do festival atuaram Omie Wise, Tresor&Bosxh, Kings of the Beach, Astrodome, Mother Engine, Sunhui, The Cosmic Dead e The Cavemen. Apesar das muitas cordas partidas, os espetáculos continuaram e todos aqueceram a noite fresca.

A tarde começou com a presença de Sunhui no palco Cunha. A energia era tanta que a banda portuguesa, para além de abrir o segundo dia de festival, estreou a moda das cordas partidas que esteve presente pela noite fora. “Por acaso ninguém tem uma guitarra por aí que nos empreste?”, pergunta o guitarrista em cima do palco. Poucos minutos depois, Tresor&Bosxh emprestavam a sua guitarra. A banda aproveitou para tocar algo nunca antes trazido ao público. Finalizaram a atuação com a cover de “Losing Touch With My Mind” originalmente interpretada por Spacemen 3.

Rodellus

Diogo Rodrigues/ComUM

O palco Cunha teve ainda a oportunidade de receber os já mencionados Tresor&Bosxh. O duo de Barcelos trouxe ao festival uma dicotomia: rock e eletrónica. É uma espécie de krautrock, virado para a eletrónica. O Rodellus recebeu assim uma dose de música experimental, mesmo antes do jantar.

O recinto principal começou a encher-se de pessoas e depois de se abrir o palco Eira com Omie Wise, fez-se hora de dar um salto ao Palco Rodellus estreado por Astrodome. A banda não escondeu a felicidade de ser a primeira atuação da noite no palco, e o guitarrista não se esqueceu de fazer um pedido no fim da atuação: “tenham um bom Rodellus”.

Omie Wise

Diogo Rodrigues/ComUM

Astrodome pediu e Mother Engine realizou. A banda levou o instrumental a outro nível e todos no público começaram a mexer-se ao som do seu rock psicadélico. A junção dos instrumentos com as luzes trouxe a Ruílhe os primeiros paços de dança da noite. Para além disso, decidiram dar ao público duas músicas novas, nunca gravadas. “Vemo-nos por aí. Vemo-nos em The Cosmic Dead”. Finalizam a performance com um copo de cerveja da mão e um “Saúde!” com sotaque por parte do guitarrista.

Os The Cosmic Dead invadiu o palco com humor. O público continuou a abanar o corpo ao seu som, e os escoceses tentaram traduzir o nome da banda para português. “Morte cósmica”, refere o grupo. A energia estava boa, mas foi o próprio guitarrista a fazer o alerta. “Temos de tocar a última música. Falas com eles lá em baixo”, referiu para o baixista. A verdade é que o público queria mais do grupo escocês, pedindo “só mais uma”, mas sem sucesso.

Diogo Rodrigues/ComUM

O palco Eira ainda teve muito que dar e cordas para estragar. Foi assim a atuação de Kings of the Beach que não deixaram que os espectadores perdessem a energia vinda do Palco Rodellus. Saltaram e tocaram com o mote de “derrubar fronteiras entre Portugal e Espanha”. “Sim, nós vimos da Galiza”, diz o guitarrista antes de partir uma corda. Foi com todas as cordas que o espetáculo acabou, e com o baixista a agradecer: “obrigado, Rodellus. Obrigado, Braga. Obrigado Portugal”, e a lista continuou.

Já se fazia tarde, mas o campo não deixa que ninguém se canse. Os The Cavemen continuaram a arrebentar com o público e com as cordas. Era noite para isso, diga-se. Nada os parou de animar a noite, o vocalista repetiu para o público enquanto a corda é substituída: “Porque é que… Porque é que… Porque é que não consomes drogas comigo?”, referindo-se à sua música, “Why won’t you”. Depois da t-shirt do vocalista estar com a audiência, o próprio saltou para a audiência. Tudo indicava que o concerto tinha acabado, mas o público que queria quebrar as barreiras de proteção voltou a pedir mais uma. E recebeu-a, junto com um guitarrista que mergulhou por entre o público.

The Cavemen

Diogo Rodrigues/ComUM

O segundo dia do festival para a gente do campo acabou, mas ainda há muito rock que não cabe na cidade. Por isso, espera-se um terceiro dia com a presença de Filho da Mãe, Imploding Stars, Slift e muitos outros.