O festival Braga Groove, decorrido no fim de semana de 27 e 28 de julho, contou com a performance de vários artistas internacionais.
Thievery Corporation e Yann Tiersen atuaram em Braga este fim de semana, nos dias 27 e 28 de julho, em contexto do festival de música Braga Groove. O evento decorrido nos espaços ao ar livre do Forum Braga também contou com as performances de Luca Argel e Emmy Curl.
O festival decorreu em clima ameno de verão num discreto espaço relvado, aninhado por trás do Parque da Ponte e do edifício principal. Aqueles que chegaram cedo ao pórtico de entrada foram recebidos por melodias ligeiras em fim de tarde, musicadas por um saxofone e por um violino. Dois murais, colocados em posição oposta aos palcos, foram grafitados ao longo das sessões com imagens alusivas aos concertos.
As atuações começaram com o cavaquinho de Luca Argel, que produziu sons baseados nas premissas do samba. “Rua da Consolação” foi introduzida por um trecho do tema que a inspirou, “Rua das Casas” do antigo sambista Pandeirinho, enquanto “Ninguém Faz Festa” demonstrou um caráter mais interventivo. Por entre diversas canções, ouviram-se inclusive dois temas do seu próximo álbum, bem como “Gentrificasamba” dos Samba Sem Fronteiras, grupo em que atua como vocalista.
A luz do anoitecer deu lugar a uma lua escondida em eclipse e com ela chegaram os Thievery Corporation. O conjunto subiu a palco com “Marching the Hate Machines”, uma suave fusão de trip hop e eletrónica. Todavia, cedo surgiu um turbilhão enérgico, pautado por diferentes géneros. Os vários elementos do grupo entravam e saíam de palco a bel-prazer, em variadas sinergias de dança e colaborações musicais. Mr. Lif dinamizou a performance através do hip hop, enquanto o reggae de Racquel Jones manteve o ritmo. Loulou Ghelichkhani serenou os ânimos na parte final do concerto, com “Sweet Tides”. O concerto, que levou à euforia e à dança na audiência, terminou algum tempo depois da hora prevista.
Depois da festa veio a calma
O recinto preencheu-se no sábado, com várias pessoas sentadas para ouvir Yann Tiersen. Entretanto, houve Emmy Curl no palco ao lado. As suas canções, uma infusão da voz com uma ambiência eletrónica e atmosférica, evocaram figuras clássicas e uma certa nostalgia. Por entre as várias baladas pôde ouvir-se “Song of Origin”, sobre Vila Real, terra onde cresceu. “Maio, Maduro Maio”, uma cover da trova de Zeca Afonso, surgiu quando vivia em Aveiro – “tudo o que têm é uma pedra no meio do parque e achei que devia fazer algo em sua homenagem”.
Concluídos os momentos de dream pop, as atenções viraram-se para Yann Tiersen. O compositor de avant-garde e post-rock subiu a palco numa performance dominada pelo piano, com algumas melodias no violino e no xilofone. As luzes ténues do palco contrastavam com o espetáculo de feixes da noite anterior, perante um músico mais focado na sua tarefa do que na interação com o público. A audiência agiu conforme, de modo a ouvir os tons minimalistas emitidos das colunas. Apesar da calma, a ovação fez-se ouvir no fim da performance, como um pedido por mais música que o artista respeitou.