Depois de anos a ir a Paredes de Coura como festivaleiros, os Fugly abrem agora o segundo dia de concertos no festival da praia fluvial do Taboão.
Os FUGLY abrem dia 16 os concertos no palco Vodafone FM. A banda natural do Porto frequenta há muitos anos o festival Paredes de Coura, mas esta é a primeira vez a tocar.
O ComUM esteve à conversa com a banda de Pedro Feio, Rafael Silva, João Hierro e Nuno Loureiro sobre o concerto e a passagem pelo Paredes de Coura.
ComUM: Esta é a vossa primeira vez no Paredes de Coura a atuar. Como receberam a notícia que vinham tocar?
Rafael: Recebemos um mail.
Pedro: Foi isso.
Nuno: Foi um telefonema se calhar.
Pedro: Há um rapaz que é o André Cruz, que é designer, ele falou comigo e tinha um trabalho de escola do professor de design e disse “eu gosto muito de vocês e o c****** e se calhar vou mandar ai uma posta ao João Carvalho a dizer ‘Olha, está aqui uma banda engraçada'”. E passado um mês e qualquer coisa, recebemos uma mensagem do nosso agente a dizer “está aqui uma proposta em cima da mesa para irem tocar ao Paredes de Coura”. E nós estávamos em Espanha, no…
Nuno: Naquele café de jazz.
Pedro: Lugo?
Nuno: Lugo?
Pedro: Era Lugo?
Nuno: Ya, foi o penúltimo.
Pedro: Penúltimo ou último?
Nuno: Penúltimo.
Pedro: Foi o penúltimo concerto da nossa tour europeia, quando estávamos lá e recebemos essa proposta e ficamos mesmo muito excitados com essa ideia.
Hélio Carvalho/ComUM
ComUM: E sobre essa tour europeia, vocês fizeram-na há uns meses atrás, no início do ano. O ambiente de um concerto em Portugal e fora de Portugal é muito diferente, ou não notaram muitas diferenças?
Nuno: Tshi. Do melhor.
(risos)
Pedro: É assim, depende de como quiseres fazer a tour. Neste sentido foi uma tour muito à descoberta. Não houve propriamente um investimento em promoção para irmos tocar lá fora. Por isso, muitas das pessoas que iam ver os concertos foram mesmo à descoberta, não sabiam mesmo para o que vinham. Por isso, foi engraçado ver as reações de algumas pessoas e algumas surpresas que tivemos, alguns concertos estiveram mesmo cheios, sem razão aparente.
Rafa: Roma.
Pedro: Sim, Roma. Roma foi incrível. Foi na altura da Páscoa mesmo, por isso foi a melhor altura para se estar em Roma.
Nuno: Estava lá o [Papa] Francisco também.
(risos)
Pedro: No concerto não.
Rafa: Só no backstage.
Pedro: Mas em Itália demos quê? Dois concertos?
Nuno: Sim. E depois tínhamos outro que foi cancelado.
Pedro: E estavam os dois cheios. Mas sim, foi engraçado ver as reações das pessoas e manter o contacto com elas. Nós demos um concerto em Limoges, em França, e o grupo que organizou o concerto está cá em Paredes de Coura connosco e é fixe.
ComUM: E que grupo é?
Pedro: O pessoal que organizou o concerto que demos em Limoges.
João: Têm uma associação.
Rafa: Chamada La Niche e ficamos todos amigos.
Nuno: Recebi uma mensagem há uma semanas atrás: “Hey, vamos estar aí no Porto e depois vamos para Paredes de Coura. Vamos estar juntos”. E estamos.
Hélio Carvalho/ComUM
ComUM: A banda começou contigo, Pedro. Tinhas umas canções e falaste com o Rafael, que é dos Lazy Faithful, e começaram. Alguma vez pensaste vir tocar a Paredes de Coura com essas canções?
Pedro: Não. Claro que não. Acho que ninguém pensa.
Rafael: Ele nem queria montar uma banda no início. Estamos só a gravar umas músicas.
Pedro: Fazer um karaoke, tudo em playback. Opá, claro que não. A maior parte do pessoal que tem banda nunca sequer pensa que vai tocar a um festival grande como Paredes de Coura. Mas é sempre uma ambição. Toda a gente quer ter esta oportunidade.
Nuno: Principalmente para nós que já vimos cá há tantos anos e o festival é especial.
ComUM: O que mais esperam do concerto de amanhã?
Nuno: Calor. Tá grande bafo!
Pedro: Ya. Sei lá, esperamos, sei lá.
Nuno: Nós temos noção de tantas vezes que viemos cá. Às seis da tarde, normalmente estávamos a sair do rio, íamos tomar um duchezito e fazer a comida. O campingaz demora imenso tempo. Comer. Só chegávamos ao recinto às 21h. Este ano tocamos às 18h e pronto…
Rafael: Vamos ser vítimas do karma. (risos)
Nuno: Mas não levamos a mal. Podemos levar a bem se forem, mas não levamos a mal.
Pedro: Eles podem ver-nos noutro sítio qualquer.
Nuno: Vai haver streaming, não é? Podem ver no telemóvel, no rio.
Pedro: Vêm na TVI!
ComUM: Já vêm cá ao Paredes de Coura há alguns anos. Há algum concerto do festival que vos tenha ficado na memória?
Nuno: Sim, muitos. Oh Sees..
Rafael: Sex Pistols.
Pedro: Sim, é um marco. É uma banda que nunca mais vais ver de certeza.
Nuno: Em 2008. Foi a primeira vez que vim cá, foi para ver Sex Pistols.
João: Nine Inch Nails. Primeira vez que vim. Curti muito o concerto.
Nuno: Nesse concerto, antes foi Peaches e eu estava na primeira fila para ver Nine Inch Nails, e a certa altura estava a Peaches em cima da grade e o gajo ao meu lado decidiu apalpar-lhe o rabo. E ela vira-se “blá blá Say that you love me blá blá”, e o gajo ficou mesmo confuso e apalpa-a outra vez, e ela mandou-lhe um biqueiro na cara. E eu: “wow isso é bué mais agressivo do que Nine Inch Nails!”.
ComUM: Há algum palco em que ambicionem tocar?
Rafael: Depois disto? Depois disto vamos acabar a banda.
Pedro: Quando chegas ao auge e pronto. Epá, tantos sítios, meus. Há ainda tanto sítio, tantas opções. Gostava de ir ao Primavera tocar naquele palcozinho na relva. Era fixe.
Nuno: Pitchfork?
Pedro: Não. É?
Rafael. É, é.
Pedro: Estão sempre a mudar o nome desse palco.
Nuno: O palco que tem as bandas fixes.
ComUM: Quais são os planos pós-Coura?
Pedro: Temos concertos até ao final do ano
Nuno: Vamos lançar um single e um vídeo.
Rafael: O álbum fica para o início do próximo ano.
Hélio Carvalho/ComUM
ComUM: Quais são os artistas ou bandas que mais querem ver nesta edição?
Todos: King Gizzard & The Lizard Wizard!
Pedro: Shame, quero bué ver Shame.
Nuno: Nuno Lopes.
João: E Arcade Fire.
Pedro: Estou a olhar para o cartaz para ver (risos).
Nuno: Acho que é mesmo King Gizzard. Eu gostava bué de ver como é Pussy Riot.
Pedro: Dead Combo com o Mark Lanegan.
Rafael: Estou muito curioso com Pussy Riot também.
Pedro: DIIV. Ya também curtia bué DIIV.
Rafael: Diz-se Div ou Dive?
Pedro: Div ou Dive, nunca sei.
Nuno: É Div.
Rafael: Ya, DIIV também estou curioso.
Pedro: É isso.
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